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Reforma global precisa fortalecer emergentes, diz Lula

Por LOUISE EGAN E RENATO ANDRADE
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu no sábado uma reforma do sistema financeiro global que "ruiu como um castelo de cartas" na crise de crédito, e defendeu que os países emergentes precisam ter mais voz nas decisões-chave. Na abertura da reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, Lula criticou a "fé dogmática no princípio da não intervenção do Estado na economia" adotada por Estados Unidos e outros países. "Precisamos de uma nova governança, mais aberta e participativa. O Brasil está pronto a assumir sua responsabilidade", discursou Lula em São Paulo. "Esta não é a hora de nacionalismos estreitos, de soluções individuais. É hora de um pacto entre governos para a criação de uma nova arquitetura financeira mundial." Autoridades do G20 estão reunidos para definir maneiras de lidar com a crise financeira global e preparar a cúpula do próximo final de semana em Washington, que contará com chefes de Estado do grupo que inclui os 19 países mais industrializados do mundo e a União Européia. JUROS Para o ministro de Finanças do Canadá, Jim Flaherty, a expectativa é que os bancos centrais continuem as discussões sobre uma ação conjunta de reduzir mais os juros e conter os efeitos da crise de crédito sobre o crescimento. "Espero que essas discussões levem a algum grau de ação coordenada", disse a jornalistas. Na sexta-feira, Brasil, Rússia, Índia e China --que formam o chamado Bric-- divulgaram pela primeira vez um comunicado conjunto pedindo a reforma de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) de modo a refletir a importância cada vez maior dos países emergentes. O G20 deveria ser o principal foro de discussão das finanças globais, defendeu o Brasil. O país está na presidência do grupo este ano. NÃO AO CONVITE SÓ PARA CAFÉ "Nós recusamos a participação no G7 como meros tomadores de cafezinho na primeira parte da reunião", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na véspera. Lula vem há tempos criticando a dominância dos Estados Unidos e outras economias desenvolvidas nas principais decisões sobre as finanças globais. Entre as autoridades que participam da reunião em São Paulo estão o chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet. Flaherty, do Canadá, minimizou a necessidade de uma mudança maior na forma como as finanças globais são administradas. "Agora é o momento de apagar o incêndio, não de planejar grandes esquemas novos", disse. "Estamos no meio de uma crise e certas coisas precisam ser feitas agora." Qualquer avanço no encontro do G20 e também em uma reunião do Banco de Compensações Internacionais em São Paulo, na segunda-feira, poderia ser levado a Washington nos dias 14 e 15. Mas a chance de propostas de grandes reformas parece pequena. O secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, e muitos ministros de Finanças europeus não participam da reunião em São Paulo. A ministra de Finanças da França, que está na presidência rotativa da União Européia, disse à Reuters ao chegar no Brasil que o encontro deste final de semana poderia abrir caminho para a cúpula de Washington. "Eu não acho que será conclusiva porque só poder ser conclusiva no nível de chefes de Estado. Mas, se pudermos comparar avaliações e compartilhar visões suficientemente, para que essas conclusões podem ser alcançadas na reunião de 15 de novembro, então teremos feito um bom trabalho", afirmou Christine Lagarde. (Com reportagem adicional de Anna Willard)

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