25 de maio de 2012 | 08h47
A duplicação dos 19 km de serra, eleita pelos empresários como a quarta obra prioritária para o Brasil por causa dos longos congestionamentos e número de acidentes, deveria ter sido concluída em fevereiro deste ano. Até agora, porém, apenas 4 km foram finalizados, no pé da serra. Outros 7 km estão em construção e deverão ser entregues em agosto.
Se tudo correr bem e o Ibama liberar a licença dentro dos 75 dias combinados com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a obra ficará pronta entre 2015 e 2016 - quase quatro anos depois do previsto. "A novela está chegando ao fim", diz o superintendente de Exploração de Infraestrutura Rodoviária da ANTT, Mário Mondolfo.
Na sua avaliação, um dos principais entraves ao início das obras era a passagem dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, previsto no traçado original, criado na década de 1990. Na época, o Ibama concedeu uma licença prévia para a duplicação, que está valendo até hoje. Após muita discussão, o órgão ambiental entendeu que o deslocamento da pista evitaria danos ambientais e autorizou o "refinamento" do traçado.
De acordo com o projeto de engenharia recém-concluído, o desvio vai preservar 9 hectares de mata. No total, será necessário desmatar 88 hectares para a construção da obra, destaca Eneo Palazzi, diretor superintendente da Autopista Régis Bittencourt, concessionária que administra a rodovia desde 2008. A duplicação terá quatro túneis, de 1,8 km, que vão se conectar com vários viadutos.
Por causa da topografia acidentada (com desnível de 700 metros), a ampliação da rodovia na serra vai exigir a construção de 35 viadutos e pontes, em uma extensão total de 7 km - seis a mais que o traçado original. Alguns deles terão até 40 metros de altura e serão construídos de acordo com o método de balanço sucessivo, que exige menos pilares para suportar a estrutura de concreto.
Dificuldades. Segundo Palazzi, esse tipo de construção será essencial por causa das dificuldades de acesso às áreas de construção. "Não poderemos abrir caminho para levar o maquinário até a obra. Tudo terá de ser transportado por corda ou nas costas para evitar danos ambientais", conta o executivo, que prevê a contratação de até 2 mil funcionários para o empreendimento.
No total, a obra vai custar cerca de R$ 700 milhões - mais que o dobro do valor previsto no edital de licitação. Uma parte desse aumento se deve à inflação, já que o leilão de privatização foi feito em 2007 e a obra deveria ter sido concluída neste ano.
Segundo Mário Mondolfo, por causa desse atraso, a ANTT fez um ajuste no fluxo de caixa da empresa. Isso significa reduzir a taxa de retorno. Todo o processo está sendo apurado. Se houver algum indício de que os investimentos não foram feitos por culpa da empresa, eles serão multados. "Mas tenho acompanhado o caso e vi que houve muita resistência dos proprietários para o início dos estudos."
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