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Reino Unido quer tratar pedófilos com ´inibidores sexuais´

Medida faz parte de um plano do governo para combater o crime no país

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Por Redação
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O governo britânico planeja ampliar a distribuição de drogas que inibem a libido de pessoas condenadas por agressões sexuais graves, como parte de um plano para combater a pedofilia no país. A medida faz parte de um pacote a ser anunciado nesta quarta-feira, 13, e cujos detalhes foram revelados por fontes do governo à BBC. O tratamento com inibidores sexuais químicos já é oferecido no Reino Unido a pessoas condenadas por agressões sexuais, com o consentimento do paciente. A mudança é que os medicamentos passarão a ser oferecidos em maior quantidade, disse o repórter da BBC Robin Brant. Mas continuarão sendo ministrados como tal, e não aplicados como uma punição, e ainda com o consentimento do paciente, afirmou o repórter. O governo britânico tem sido pressionado tanto por grupos que advogam medidas mais duras contra pedófilos quanto por ativistas que vêem nelas um atentado contra a privacidade. A nova lei é anunciada no momento em que o país ainda aguarda notícias da pequena Madeleine McCann, 4, desaparecida há cerca de um mês e meio quando passava as férias com seus pais em um balneário em Portugal. ´Pente-fino´ Em uma tentativa de encontrar o equilíbrio, o governo britânico incluirá no novo pacote medidas que permitirão acesso limitado a dados sobre criminosos sexuais. Pais poderão, por exemplo, obter informação sobre pessoas que tomarão conta de seus filhos - hoje, uma espécie de ´certidão negativa´ pode ser requisitada apenas por empregadores a respeito de trabalhadores que lidarão com crianças. Além disso, mães poderão checar com a polícia local se seus novos namorados têm antecedentes de pedofilia. Entretanto, o Ministério do Interior britânico descartou o acesso irrestrito do público a informações sobre pedófilos, a exemplo do que já acontece nos Estados Unidos. Pela chamada Lei Megan - batizada em homenagem a uma menina de sete anos morta por um agressor sexual - o paradeiro de pedófilos é divulgado periodicamente em diversos meios americanos, inclusive na Internet. Fontes familiares com a elaboração do plano do governo britânico disseram que as informações só serão passadas adiante se os pedófilos estiverem morando a uma distância próxima o bastante para representar uma ameaça para as crianças. Polêmica O novo plano gerou polêmica entre grupos ouvidos pela BBC. "É um grande passo adiante. Estamos falando de informações que estão sendo passadas a nós, e não ocultadas de nós", disse Sara Payne, que defende medidas mais duras contra a pedofilia desde que sua própria filha de sete anos, Sarah, foi morta sete anos atrás. "Você pode ter as informações necessárias para permitir que sua filha vá caminhando para a escola ou saia para brincar no parque", ela argumentou. Já o porta-voz da organização Barnardo´s, Pam Hibbert, disse que as novas medidas poderiam levar os pedófilos a se esconder ainda mais, o que dificultaria sua vigilância. "Temos evidência, das experiências nos Estados Unidos, de que a exposição pública leva os criminosos a agirem de maneira mais encoberta, e isso na verdade torna a vida mais perigosa para as crianças", afirmou.

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