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Reitora da PUC pode não assumir amanhã

Conselho suspende lista de indicados para o cargo; decisão cabe a d. Odilo Scherer

Por Carlos Lordelo , Davi Lira e CRISTIANE NASCIMENTO
Atualização:

O Conselho Universitário (Consun) da PUC-SP acatou recurso de estudantes e suspendeu temporariamente a validade da lista tríplice de indicados para a reitoria. Com a decisão, a posse da professora Anna Maria Marques Cintra como nova reitora, marcada para amanhã, pode não ocorrer.Ela foi a menos votada pela comunidade acadêmica em agosto, mas foi escolhida pelo grão-chanceler da universidade, o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer. Alunos e professores, a maioria em greve desde a nomeação, no dia 12, comemoraram a decisão do Consun.A partir de hoje, a PUC-SP pode ganhar um reitor interino, o professor Marcos Masetto. A mudança administrativa depende da aprovação de d. Odilo. Ele deverá escolher entre manter a posse de Anna Cintra ou nomear Masetto para comandar a instituição até 12 de dezembro, quando haverá nova reunião do Consun e será decidido o mérito do recurso, apresentado pelo centro acadêmico dos alunos de Direito. Ontem foi o último dia da gestão do atual reitor, Dirceu de Mello - o mais votado na eleição.As regras para a escolha do reitor na PUC-SP preveem eleição em que alunos, funcionários e professores votam. Uma lista tríplice segue para o cardeal, que tem a prerrogativa de selecionar um dos nomes. Tradicionalmente, o primeiro colocado é o escolhido. A nomeação de Anna Cintra abriu uma crise, com alegações de parte da comunidade acadêmica de que a decisão de d. Odilo feriu a "democracia".No recurso, os estudantes afirmam que a nomeação, mesmo legal, violou artigos do estatuto e do regimento da universidade, segundo os quais os funcionários e professores devem zelar pelo patrimônio moral da PUC-SP. Os alunos lembram que Anna Cintra assumiu o compromisso, durante um debate eleitoral, de não aceitar a nomeação caso não fosse a mais votada. "Foi uma mentira assinada", diz André Paschoa, presidente do CA de Direito. "Ela desfez um compromisso, o que configura atentado ao patrimônio moral."O recurso foi protocolado nesta semana. Embora convidada, Anna Cintra não participou do Consun. Por meio de um representante, disse aos conselheiros que não recuaria de sua decisão.O representante da Fundação São Paulo - entidade mantenedora da PUC - pediu vistas do recurso e, como a posse da nova reitora era iminente, o conselho resolveu suspender os efeitos da lista tríplice.Para o estudante de Jornalismo Stefano Wrobleski, a decisão do Consun representou uma "grande vitória" para o movimento grevista. "O fato de ela não ter comparecido ao Consun, órgão do qual fazem parte alunos, professores e funcionários, é preocupante. Nosso receio é de que ela passe por cima de todos e assuma a reitoria."Segundo a presidente da Associação dos Professores da PUC-SP, Victória Weischtordt, a entidade apoiou o recurso dos alunos. "Apesar de ser uma vitória, não resolve o problema, que só foi adiado", afirma. Hoje haverá uma audiência de conciliação do sindicato com a Fundação São Paulo, que moveu recurso no Tribunal Regional do Trabalho contra a greve dos docentes.Protesto. Ontem à noite, cerca de 400 alunos fizeram uma manifestação no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, região central. O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) foi ao protesto e disse que convocaria Dirceu de Mello e d. Odilo para prestar esclarecimentos na Assembleia. Em nota, a Fundação São Paulo informou que o cardeal ainda não foi comunicado oficialmente do resultado do Consun. A assessoria de d. Odilo disse que ele que ele estava em um retiro, incomunicável.

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