Relação entre acusados de extorquir padre é investigada

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Por Eduardo Reina
Atualização:

A ligação entre o ex-interno da Febem Anderson Marcos Batista, de 25 anos, acusado de extorquir o padre Júlio Lancellotti, e Marcos José de Lima, de 31 anos, também acusado de achacar o religioso, está sendo investigada pela polícia. A apuração mostra que Batista e Lima teriam agido juntos para pegar dinheiro de Lancellotti, mas acabaram brigados - eles atuariam em conjunto no tráfico de drogas na zona leste de São Paulo. O envolvimento de Batista com o Primeiro Comando da Capital (PCC) já foi investigado em um inquérito aberto em 1996. O caso de extorsão já está esclarecido para a polícia, na opinião de André Luiz Pimentel, delegado titular do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Delegacia Seccional. Mesmo assim, o juiz da 31ª Vara Criminal, Caio Farto Salles, deverá pedir que sejam ouvidos mais pessoas que tiveram contato com Batista, Conceição Elétério, Evandro Guimarães e Everson Guimarães, todos presos e denunciados pelo religioso. O inquérito policial está sendo encaminhado à Justiça e poderá virar uma ação penal. Para Pimentel, há provas que demonstram a extorsão praticada pela quadrilha e principalmente indícios de que Batista e Conceição, que não têm ocupação definida nem profissão, passaram a viver com bens fora dos padrões normais. Entre esses bens está a Mitsubishi Pajero, no valor de R$ 67 mil, vários equipamentos eletrônicos, que somam mais de R$ 30 mil, além de outros carros relacionados pelo próprio Batista à polícia. ACHAQUE EM DUPLA - Conforme as apurações iniciais, desde que começaram a atuar em conjunto, houve um rompimento entre Batista e Lima - após o assalto que o padre Júlio sofreu na noite de 31 de outubro de 2006. Dois homens invadiram a casa em que o religioso mora no Belém (zona leste de São Paulo), com a mãe e a sobrinha, e levaram R$ 5 mil. Na fuga, deixaram um celular cair, antes de roubar um Fiesta para escapar. A investigação sobre o caso está em curso e virou um processo no Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária (Dipo). O celular, segundo a polícia, estaria no nome de um laranja. Nesse ponto, as investigações apontam que Lima teria mandado os homens ao local por saber que Lancellotti tinha dinheiro em casa. Tal fato teria deixado Batista furioso. Segundo uma acusação do padre formalizada na polícia em 2006, o ex-interno já o extorquia naquela época. A briga entre os dois chegou a tal ponto que Batista teria ?pedido? a policiais militares que ?reprimissem? o traficante. Em depoimento à Justiça em 3 de setembro deste ano, Lima alegou que ?sempre? pedia dinheiro a Lancellotti. E afirmou que o padre o ajudava porque mantinham um ?relacionamento homossexual?. O flagrante com crack que levou à prisão de Lima, em abril, pode ter sido motivado por uma delação de algum desafeto - na opinião da polícia, de Batista. Ao ser detido, o traficante acreditava que havia sido denunciado pelo religioso. A polícia reconstituiu os passos de Lima e Batista e sabe onde atuavam. Foi o ex-interno da Febem quem teria apresentado o traficante ao padre. Outra acusada de extorsão a Lancellotti, Conceição Eletério, mulher de Batista, também foi presa em 20 de janeiro de 1996 por envolvimento com o tráfico de drogas. Na ocasião, o advogado Nelson Bernardo da Costa fez a defesa dela.

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