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Relatório da ONU cita policiais entre criminosos no País

Por JAMIL CHADE
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que entre 45 mil e 50 mil pessoas são vítimas de homicídios no Brasil por ano e acusa membros da polícia de participar do crime organizado quando estão fora de seus horários de trabalho. Em ataque contra a impunidade no País, o relator da ONU sobre Execuções Sumárias, Philip Alston, divulgou seu relatório sobre o Brasil apelando para uma "reforma urgente e desesperada" do sistema judiciário e policial, além de maiores salários aos policiais para evitar a corrupção nas forças de ordem. O relatório foi produzido a partir da visita de Alston ao Brasil no final do ano passado. Em sua viagem polêmica, o relator foi atacado por autoridades nacionais. Em suas conclusões, o relator da ONU é claro: "a população brasileira não lutou por 20 anos contra a ditadura e adotou uma Constituição para agora tornar o Brasil livre aos policiais para que matem com impunidade em nome da segurança". Segundo os dados publicados pela ONU, 1,3 mil casos de mortes por policiais foram registrados no Rio em 2007 e classificados como "atos de resistência". "Recebi muitas alegações confiáveis de que, na realidade, essas mortes são assassinatos sumários", disse o relator no documento que será enviado aos 192 países da ONU. "Nada é feito parta investigar, processar e condenar os responsáveis", afirma. Na avaliação da ONU, apenas 10% dos homicídios em São Paulo e no Rio são levados ao tribunal. Em Pernambuco, essa taxa é de apenas 3%. Dos casos levados a julgamento em São Paulo, apenas metade acabam em condenação. Para Alston, muitos dos esquadrões da morte em Pernambuco são formados por policiais. A ONU também reconhece o risco que correm os policiais. "A polícia no Brasil claramente opera sob um risco significativo a suas vidas", afirmou. "O número de policiais assassinados é inaceitável", disse.

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