O próximo relatório sobre aquecimento global, elaborado por uma rede científica internacional, trará evidências ainda mais fortes de que a humanidade está mudando o clima da Terra, e deverá incentivar governos arredios a agir, afirmou o chefe do grupo de pesquisadores. O trabalho, uma avaliação dividida em vários volumes e patrocinada pela ONU - tratando do derretimento das calotas polares, da elevação do nível do mar, com novos dados sobre como o mundo vem se aquecendo - "poderá dar o impulso adequado para pôr as negociações em andamento de forma mais objetiva", disse o cientista Rajendra K. Pachauri, durante a conferência das Nações Unidas sobre o clima. O climatologista indiano é o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), uma rede de cerca de 2.000 cientistas que avalia, periodicamente, o estado das pesquisas sobre os efeitos da atividade humana no clima. Na terceira avaliação, divulgada em 2001, o comitê concluiu que a maior parte do aquecimento global - a temperatura mundial média subiu 0,6º C no último século - foi, provavelmente, resultado de gases produzidos pela atividade humana. A quarta avaliação, que deverá começar a ser divulgada em fevereiro, contém "evidências muito mais fortes da ação humana na mudança do clima", disse Pachauri. O Protocolo de Kyoto, de 1997, exige que 35 nações industrializadas reduzam suas emissões de gases do efeito estufa a um nível 5% inferior ao de 1990, até 2012. EUA e Austrália são as duas únicas grandes economias industrializadas a rejeitar o acordo. Na conferência atualmente em curso em Nairóbi, os signatários de Kyoto discutem que tipo de programa deverá se seguir ao fim do tratado, em 2012.