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Repressão a separatistas na Ucrânia começa devagar

Por RICHARD BALMFORTH E THOMAS GROVE
Atualização:

A Rússia declarou nesta terça-feira que a Ucrânia está à beira de uma guerra civil, enquanto Kiev deu início, de forma muito discreta, a uma operação de repressão aos separatistas do leste. Após 24 horas do fim do ultimato dado pela Ucrânia aos separatistas, testemunhas disseram não haver sinais de que as forças de Kiev estariam preparadas para invadir os prédios públicos ocupados pelos rebeldes nas regiões russófonas da Ucrânia. Mas a polícia disse que os separatistas se renderam voluntariamente na cidade de Kramatorsk. O presidente interino, Oleksander Turchinov, insistiu que a operação "antiterrorista" começou na região de Donetsk (leste), mas disse que ela acontecerá em etapas, "de forma comedida". Em meio à sua pior crise desde a Guerra Fria, os líderes da Rússia e dos EUA pediram-se mutuamente empenho para evitar mais violência. O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, fez uma avaliação sombria da situação após mais duas mortes no domingo, quando o governo da Ucrânia tentou sem sucesso retomar o controle de Slaviansk, uma das cerca de dez cidades onde separatistas ocuparam prédios públicos. "O sangue foi novamente derramado na Ucrânia. O país está à beira de uma guerra civil", disse ele na sua página do Facebook. Turchinov disse que a ofensiva, anunciada no sábado, finalmente começou durante a noite, no norte da região de Donetsk. "Mas ela ocorrerá em estágios, responsavelmente, de forma comedida. Mais uma vez salientou: o objetivo dessas operações é defender os cidadãos da Ucrânia", disse ele ao Parlamento. As forças de segurança ucranianas estão sob certa confusão desde que manifestantes depuseram o presidente pró-russo Viktor Yanukovich, em fevereiro. Mas a demora na repressão aos separatistas também pode refletir um desejo da liderança interina de não piorar as coisas causando mortes entre civis. Na manhã de terça-feira, um correspondente da Reuters em Slaviansk escutou tiros ou explosões na cidade, que fica a cerca de 150 quilômetros da fronteira com a Rússia. Em frente à sede policial local, que está ocupada pelos separatistas, cerca de 12 civis controlavam barricadas montadas durante a noite com pneus e madeiras. Cerca de uma dúzia de cossacos --combatentes paramilitares que descendem dos patrulheiros da era czarista-- montavam guarda no gabinete do prefeito. As lojas funcionavam de forma habitual, e o fornecimento de pão era normal. (Reportagem adicional de Natalia Zinets, em Kiev; Alessandra Prentice, em Moscou; Ben Blanchard, em Pequim; Tom Miles e Stephanie Nebehay, em Genebra; Missy Ryan, Jeff Mason e Arshad Mohammed, em Washington)

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