PUBLICIDADE

Resgatado bebê seqüestrado em hospital de PE; mulher é presa

Divanir Maria da Silva confessou ter levado a criança de menos de um dia e pode ser condenada a até 6 anos

Por Angela Lacerda
Atualização:

Presa pelo rapto de uma recém-nascida realizado na manhã de quarta-feira, 14, no Hospital Central de Paulista, na região metropolitana, Divanir Maria da Silva, 38 anos, foi encaminhada na tarde desta quinta-feira, 15, para a Colônia Penal Feminina, no Recife. Indiciada por subtração e ocultação de recém-nascido, ela poderá ser condenada a até seis anos de prisão.   Divanir levou a criança, que será batizada como Isadora, depois de ter passado os últimos dias perambulando pelo hospital, ajudando a cuidar de recém-nascidos com a anuência das mães. Ela dizia estar acompanhando alguém próximo que havia ido dar à luz e se oferecia para ajudar as mulheres nos cuidados com os bebês.   Dispôs-se a ficar com Isadora, que havia nascido no dia anterior, para que a mãe da criança, Jadilma Ferreira do Nascimento, de 26 anos, pudesse tomar banho. Sem acompanhante, Jadilma aceitou a gentileza. Ao voltar do banho, sua filha havia sumido, assim como a mulher.   Ainda na noite de quarta, Divanir foi localizada pela polícia depois que a avó paterna do bebê raptado, Maria Auxiliadora do Amaral Nascimento, recebeu uma denúncia anônima indicando o local onde poderia encontrar a criança e sua seqüestradora. Encontrada em sua casa, em Paratibe, bairro do município metropolitano de Abreu e Lima, Divanir tentou mentir e chegou a confundir a polícia.   Mostrou a pulseirinha no braço da nenê - disse, depois, ter conseguido com uma enfermeira - com o seu nome, o espaço para o bebê, com berço e produtos para recém-nascidos, e uma ultrassonografia que comprovaria sua gestação.   Contradições   Nesta quinta, depois de ouvir várias versões da história - todas contadas por Divanir - e falar com os envolvidos no caso, o delegado de plantão de Paulista, Eronildo Rodolfo de Farias, chegou a uma versão que considera "a mais plausível", mesmo que repleta de informações a serem confirmadas.   De acordo com esta versão, Divanir Maria da Silva, mãe de Patrícia Maria de Souza, de 19 anos, não tinha filhos com o atual marido, Luciano Soares, 34 anos, com quem é casada há 11 anos. Ela teria engravidado no ano passado, depois de uma inseminação artificial, mas teria sofrido um aborto natural logo nos primeiros meses.   Sem contar nada a ninguém, simulou a evolução da gravidez, chegou a comprar uma ultrassonografia de uma grávida para ter provas da gestação, fez chá de bebê e na sexta-feira passada foi ao Centro de Saúde Amaury de Medeiros, no Recife, para ter a criança. Ligou para a filha Patrícia informando que o bebê havia nascido.   No dia seguinte, informou que a criança havia morrido e que havia se submetido a uma esterectomia (retirada do útero), pois não poderia ter mais filhos. Informou que, por isso, ficaria mais uns dias na maternidade.   Desde o sábado, Divanir passou a fazer visitas diárias ao Hospital Central do município de Paulista. Afirmava estar acompanhando alguém da família, e conquistou a confiança de mães e parturientes, sempre se prontificando a ajudar. Na oportunidade que teve, levou Isadora. Saiu tranqüilamente, sem obstáculos. Testemunhas afirmam que ela teria saído com uma sacola grande - onde teria colocado a nenê.   Abortos   Divanir teria tido cinco filhos do primeiro companheiro. Apenas Patrícia sobreviveu. Os outros morreram - um por aborto natural, os outros depois de crescidos. Ao chegar em casa com a criança, disse à filha Patrícia, que a havia ganhado de uma família.   Com um filhinho de seis meses que ainda mama, coube a Patrícia alimentar Isadora. O marido de Divanir nada teria percebido e não soube responder a questões básicas levantadas pelo delegado, como por exemplo, se a mulher menstruava.   Depois do desespero, Jadilma Ferreira do Nascimento mostrou-se aliviada e feliz com a filhinha nos braços. "Foi uma emoção muito grande, como se ela tivesse nascido naquele momento, quando a peguei nos braços de novo".   A continuidade das investigações ficará a cargo da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA). O Hospital Central de Paulista também será investigado. Não há controle dos acompanhantes que entram no hospital no horário de visita.   Texto ampliado às 18 horas

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.