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Respirar devagar pode ajudar a reduzir a pressão sangüínea

Efeito pode não ter nada a ver com o relaxamento, e sim com a excreção de sódio pelos rins

Por Agencia Estado
Atualização:

Respire fundo e devagar, e expire na mesma velocidade. Você consegue respirar menos de dez vezes por minuto? Uma pesquisa sugere que respirar nesse ritmo, por alguns minutos ao dia, basta para ajudar algumas pessoas a reduzir a pressão arterial. De acordo com um cientista do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA, o modo de respirar pode trazer a chave para a regulação da pressão - e isso tem menos a ver com relaxamento do que com a quebra do sal que ingerimos. O pesquisador, David Anderson, está tentando provar a teoria com a ajuda de um dispositivo especial que treina voluntários com hipertensão para respirar devagar. "Se você se senta, respirando superficialmente, o dia inteiro, seus rins poderão ser menos eficientes para se livrar do sal do que se você estivesse fazendo uma trilha pelas montanhas", disse Anderson. Qualquer um pode sofrer de hipertensão, mas ter excesso de peso, vida sedentária e consumir muito sal são todos fatores que elevam o risco. Mesmo conhecendo os fatores de risco, os cientistas não entendem o que está na raiz da causa da hipertensão. Acredita-se há tempos que ioga, meditação e outras técnicas de relaxamento que incorporam um ritmo de respiração profunda e lenta ajudam a reduzir a pressão do sangue, mas a pesquisa para provar o caso ainda é inconclusiva. Em 2002, a FDA, organismo do governo americano que controla o mercado de medicamentos e alimentos, aprovou a venda, sem receita, de um aparelho que promete ajudar a reduzir a pressão ao ditar um ritmo lento para respiração - o dispositivo acompanha os movimentos do tórax do usuário e faz soar um sino a intervalos cada vez maiores, que avisam quando inalar ou exalar. Estudos patrocinados pelo fabricante apontaram uma redução de pressão arterial. O aparelho não é um substituto para dieta saudável ou exercício. Por que isso funciona "é uma caixa preta", diz o médico William J. Elliott, que encabeçou o estudo sobre o aparelho. O relaxamento produzido pela respiração lenta dilata os vasos sangüíneos, mas isso não basta para dar conta do efeito constatado. Agora, Anderson testa sua teoria: quando estressadas, as pessoas tendem a manter uma respiração superficial, não profunda, e a segurar o ar. Anderson chama esse comportamento de "respiração inibida". Prender a respiração leva mais sangue ao cérebro, aumentando a atenção, mas desequilibra a química do sangue, tornando-o mais ácido. Um sangue mais ácido reduz a eficiência dos rins em se livrar do sódio que o sal contém, o que provocaria a hipertensão.

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