Rio já vive pior epidemia de dengue da história

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Por Clarissa Thomé
Atualização:

O Rio enfrenta a pior epidemia de dengue da história. A Secretaria de Estado de Saúde confirmou hoje que 92 pessoas morreram da doença nos quatro primeiros meses deste ano e houve 110.783 casos notificados. Outras 96 mortes estão sob investigação. Dos falecimentos, 42% tinham menos de 15 anos. Até então, a mais grave epidemia do Estado havia deixado 91 mortos durante todo o ano de 2002. A letalidade também é maior este ano: uma morte para cada 1.204 doentes. Em 2002, houve um óbito para cada 3.167. "É a epidemia mais grave que já tivemos por causa da alta letalidade", afirmou o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Victor Berbara. Segundo ele, o alto índice de mortes costuma ocorrer em países com sucessivas epidemias. "A pessoa já teve a doença duas, três, quatro vezes e em cada uma delas a dengue vem mais grave. O paciente foi exposto a diferentes tipos de vírus. Está mais suscetível." No Brasil, há registro de epidemias pelos vírus 1, 2 e 3. Para o infectologista Edmilson Migowski, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dois pontos explicam a alta letalidade nessa epidemia: a população previamente exposta e a baixa notificação. "Há casos de municípios que só notificam os casos graves, a internação. Ou de médicos que não conseguem baixar na internet o formulário de notificação, que só pode ser feita em papel. É difícil esconder um corpo, mas não é difícil esconder mil casos de dengue. Isso pode passar a idéia de que a taxa de letalidade é maior. É preciso investigar", disse. Dos 92 óbitos, 55 foram registrados no município do Rio de Janeiro, que concentra mais da metade dos casos de dengue do Estado - 56.917. O último caso confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde foi o de uma mulher de 48 anos, que morreu no sábado no Hospital da Ordem Terceira da Penitência. Ela tinha dengue hemorrágica. Dos 96 óbitos que estão sob investigação, 67 são de pacientes do Rio.

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