Rio transborda e isola Brumadinho; MG tem 147 mil afetados

Outros dez municípios comunicaram enchentes à Defesa Civil do Estado; 11 pessoas já morreram com as chuvas

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Por Elvis Pereira e Eduardo Kattah
Atualização:

A elevação do nível do Rio Paraopeba isolou a cidade de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. O avanço da água interditou a ponte que dá acesso à cidade e inundou bairros no centro e na zona rural. O número de cidades em situação de emergência por causa das chuvas que atingem Minas Gerais subiu de 32 para 39, conforme balanço divulgado nesta quinta-feira, 18, pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Ao todo, 71 municípios mineiros e cerca de 147 mil pessoas já foram afetadas desde o início do período chuvoso, em setembro. Mais de 22 mil pessoas ficaram desalojadas e outras 4 mil estão desabrigadas. Onze pessoas já morreram, sendo sete vítimas fatais somente nesta semana. Veja também: Ligação entre BH e Rio segue bloqueada em Minas Gerais Tudo sobre as vítimas das chuvas     O nível do rio em Brumadinho está cerca de 6,5 metros acima do normal. Chove ininterruptamente desde domingo, 14. Nesta tarde, a prefeitura contabilizava 177 desabrigados, que estão sendo levados para abrigos na igreja, em escolas públicas, associações e centro sociais. Segundo a Defesa Civil, há entre 500 e 600 famílias isoladas. Cerca de 300 casas foram interditadas e mais de 60 famílias estão desalojados - ou seja, foram para residência de parentes. A prefeitura decretou estado de emergência. A Secretaria Municipal de Ação Social informou que o município precisa de doações de colchões, cobertores e leites. Nesta terça, 11 municípios localizados nas regiões mais afetadas - Zona da Mata, centro-oeste e área metropolitana de Belo Horizonte - comunicaram à Cedec a ocorrência de inundações e enchentes. As cidades de Guarani, Palma, Itapecerica, Divinópolis, Patrocínio de Muriaé, Cataguases e Jeceaba decretaram situação de emergência. Em Cataguases, na Zona da Mata, o rio Pomba subiu cerca de oito metros acima da calha, deixando boa parte da cidade - famosa pelos monumentos modernistas - debaixo d'água. Moradora do bairro Vila Resende, na região central do município, Elaine da Silva e outras 15 pessoas, inclusive crianças, foram obrigadas a se refugiar no terceiro andar de uma residência. Em entrevista à rádio CBN, ela reclamou da demora das equipes de ajuda. "Nós estamos ilhados. Tem até recém-nascido aqui de oito dias, precisando de medicação", afirmou. "Estamos sem água, sem nada para comer". No centro-oeste mineiro, o município de Divinópolis foi o mais afetado. Após quatro dias ininterruptos de chuvas, o nível do Rio Itapecerica subiu quase oito metros e transbordou. O Estádio Waldemar Teixeira de Faria, o Farião, não escapou da enchente e foi tomado pela água. Dezessete jogadores do principal time de futebol da cidade - o Guarani -, que moram no estádio, precisaram ser resgatados de barco e levados para um hotel. A Cedec informou que todos os 71 municípios afetados estavam recebendo material emergencial estocado em Belo Horizonte ou nos depósitos regionais da coordenadoria. O kit de emergência é composto por cestas básicas, água potável, colchões, cobertores, roupas e rolos de lona plástica para contenção de encostas. Previsão De acordo com o instituto MG Tempo/Cemig/PUC-Minas, as temperaturas deverão voltar a subir nesta sexta-feira, 19, no Estado, já que a frente fria está perdendo força. O instituto alerta, porém, que a dissociação entre a frente fria e a convergência da Amazônia favorece a ocorrência de pancadas de chuvas em várias regiões. Na capital mineira, a chuva deu uma trégua durante a tarde, mas voltou com intensidade no fim do dia.

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