PUBLICIDADE

Rumores sabotam campanhas de vacinação pelo mundo

Parte dos problemas, dizem especialistas, nasce do fracasso dos agentes de saúde em esclarecer as populações sobre a vacina

Por Agencia Estado
Atualização:

Para Ramatu Garba, a vacina contra a pólio é uma maldição: parte de uma conspiração ocidental para esterilizar meninas nigerianas. "Deus usou cientistas muçulmanos para denunciar o plano ocidental de usar a vacina contra a pólio para reduzir nossa população", diz o vendedor de 28 anos. Toda vez que equipes de saúde pública tentaram vacinar sua filha, Garba não permitiu. Além da falta de dinheiro, equipamento e pessoal, equipes de saúde internacionais que lutam contra a paralisia infantil nas partes mais pobres do mundo também precisam enfrentar os rumores que se espalham entre as populações e criam barreiras para as campanhas que já salvaram milhões de vidas. No Quênia, era comum ouvir que a vacina era uma ferramenta do demônio. No Paquistão, uma ação judicial foi aberta com a alegação de que a vacina estava contaminada com o hormônio estrogênio. Por toda a África, espalha-se a crença de que a vacina dissemina o HIV. Os rumores em Kano começaram em 2003, quando políticos locais alegaram que a vacina continha agentes que suprimiam a fertilidade, e suspenderam a vacinação por quase um ano. Desde então, os serviços de saúde pública lutam desesperadamente para convencer o governo e pessoas como Garba de que a vacina é segura. O medo da vacina é tão grande nas áreas rurais da Nigéria que as pessoas fogem de suas casas quando as equipes de vacinação se aproximam. O combate ao medo da vacina já custou US$ 200 milhões, e fez com que a ONU fracassasse na meta de erradicar a pólio até 2005, disse o principal encarregado do programa de combate a essa doença na Organização Mundial da Saúde (OMS), David Heymann. Parte dos problemas, dizem especialistas, nasce do fracasso dos agentes de saúde em esclarecer as populações sobre a vacina. Nos países desenvolvidos, a figura do consentimento informado é praticamente obrigatória antes de qualquer procedimento de saúde. Já nos países Amis pobres, esse processo às vezes é tratado como um obstáculo e, por isso, abandonado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.