SAIBA MAIS-Rio+20 busca compromisso político para desenvolvimento sustentável

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Por VALERIE VOLCOVICI
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Mais de 50.000 representantes de governos, do setor privado e de organizações não-governamentais são esperados no Rio de Janeiro nesta semana para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, onde eles tentarão abrir um caminho comum em direção a um crescimento mais ecológico e justo. O objetivo da conferência é garantir um novo compromisso político dos líderes mundiais para o "desenvolvimento sustentável", que leve em consideração o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção ambiental. Com a população mundial projetada para aumentar dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões em 2050, a cúpula pode oferecer uma oportunidade para ajudar a mapear rotas para o crescimento econômico sem a exaustão contínua dos recursos naturais e os danos ao meio ambiente. UMA VEZ EM UMA GERAÇÃO O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban-ki Moon, disse no início deste mês que a Rio+20, como a cúpula é informalmente conhecida, será uma oportunidade que acontece apenas "uma vez em uma geração" de progredir em direção à economia sustentável. Entre os resultados que ele disse esperar estão: * Acordo sobre um caminho para uma "economia verde inclusiva" * Acordo em definir "metas de desenvolvimento sustentável com alvos nítidos e mensuráveis e indicadores" * Progresso na implementação de metas através de compromissos renovados sobre comércio, finanças e transferência tecnológica. Os negociadores até agora fizeram poucos progressos em uma declaração final para a cúpula, que seus chefes de Estado irão rever e debater durante as reuniões de plenário de 20 a 22 de junho. VINTE ANOS DEPOIS Há vinte anos, a Cúpula da Terra, realizada no mesmo centro de convenções do Rio, resultou em cinco documentos principais. Dois deles eram marcos, tratados com valor jurídico sobre biodiversidade e mudança climática. Embora a Rio+20 deva ser maior do que a cúpula de 1992 em termos de alcance e comparecimento projetado, o nível de ambição da conferência é baixo, já que o mundo combate outras prioridades, como a crise econômica na Europa. Ao contrário do encontro de 1992, as autoridades da ONU destacaram que a Rio+20 não produzirá nenhum tratado juridicamente vinculativo. Espera-se que a conferência produza três resultados principais: um documento político negociado prometendo a cooperação internacional sobre o desenvolvimento sustentável; uma lista de recomendações da sociedade civil; e uma lista das iniciativas de desenvolvimento sustentável e promessas de cada país. A ONU afirmou que a conferência vai se concentrar em mais de meia dúzia de áreas de "atenção prioritária", inclusive energia, cidades sustentáveis, segurança alimentar, agricultura, água e oceanos. ANTES E AGORA O mundo mudou dramaticamente desde a primeira Cúpula da Terra. Por exemplo, as economias emergentes como Brasil, China, Índia e África do Sul desempenham um papel econômico maior do que há duas décadas. "Mudamos de um mundo unipolar para um multipolar. O tipo de liderança que as economias emergentes dentro do mundo em desenvolvimento mostrarem na Rio+20 será importante para o resultado", disse Manish Bapna, presidente em exercício do Instituto de Recursos Mundiais, um instituto ambiental sediado em Washington. Ele disse que a cúpula ocorre enquanto a maioria da classe média do mundo se muda para áreas urbanas do mundo em desenvolvimento, principalmente na Ásia. Ele citou um estudo recente da empresa de consultoria McKinsey, que projetou que a classe média no mundo todo crescerá de 1,8 bilhão em 2010 para 4,8 bilhões em 2022. "A maioria das pessoas (na classe média) viverá no mundo em desenvolvimento e em cidades. Como eles irão para o trabalho, o que comerão e o que comprarão -são as escolhas que eles fazem que irão decidir um caminho sustentável", ele disse.

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