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Saída de mineradoras de alto custo está mais lenta que o previsto, diz Vale

Por MARTA NOGUEIRA
Atualização:

A queda acentuada nos preços do minério de ferro no mercado global já promoveu o fechamento de capacidade de produção de 50 milhões a 60 milhões de toneladas anuais em mineradoras de alto custo, mas o ritmo de saída destas empresas do mercado está mais lento que o esperado, disse nesta quinta-feira o diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins. "Estamos vendo uma resistência maior, principalmente dentro da China, de eliminação de capacidade. Fora da China isso está acontecendo com bastante rapidez", afirmou o executivo. "Nós esperávamos um processo mais rápido de ajustes e hoje está muito claro que esse processo é mais lento e que essas empresas, antes de entregarem os pontos, vão tentar de toda maneira resistir", declarou. A saída dessas concorrentes do mercado era uma aposta da Vale para que o minério de ferro, sua principal fonte de receita, se recuperasse do atual patamar de preços, o mais baixo em cinco anos. Segundo o executivo, a demanda no principal destino das exportações da Vale não é uma preocupação: "Não há problema de vender minério na China". Segundo o executivo, o acumulo de minério em portos na Ásia tem atrapalhado um processo de recuperação de preços. "Esses estoques foram acumulados em um período que faltava minério e, na realidade, hoje existe disponibilidade grande de minério. Então, toda vez que o preço começa a melhorar, esse material que está nos portos vem ao mercado", afirmou. Até que esses estoques sejam absorvidos, o executivo acredita que o mercado vai permanecer no atual nível de preços baixos. "Nós devemos ter, nesse trimestre que entra, um processo de redução de estoques significativo, não vejo isso como um problema", concluiu Martins. O minério de ferro com entrega imediata na China, referência para o mercado, foi negociado a 79 dólares por tonelada nesta quinta-feira, muito perto dos 77,50 dólares registrados em 30 de setembro, menor cotação desde setembro de 2009. Acompanhando a tendência global, a Vale também viu os preços médios de venda de seu minério despencarem. A tonelada de finos de minério foi negociada a 68,02 dólares no terceiro trimestre, contra 84,60 dólares no trimestre anterior e 109,93 dólares no terceiro trimestre de 2013. A companhia divulgou nesta quinta-feira prejuízo de 3,381 bilhões de reais, sob impacto de variações cambiais e da queda nas cotações de seu principal produto.

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