Sandy sopra ventos de incerteza na eleição dos EUA

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Por ANDY SULLIVAN E ALINA SELYUKH
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A tempestade Sandy, que devastou parte da Costa Leste dos EUA na semana passada, pode soprar ventos de incerteza na eleição presidencial norte-americana, tornando a disputa ainda mais acirrada e lançando dúvidas sobre a legitimidade do resultado. Especialistas dizem que dificilmente a tempestade irá determinar a vitória do presidente Barack Obama ou do desafiante Mitt Romney, mas pode expor falhas no sistema eleitoral dos EUA, levando a uma prolongada disputa judicial e causando um impasse num país já dividido politicamente. No pior cenário, a perturbação causada pela tempestade pode fazer Obama perder na votação popular, mas ainda assim ser reeleito pelo Colégio Eleitoral, a exemplo do que ocorreu na disputa de 2000, quando o republicano George W. Bush foi eleito com menos votos diretos que o democrata Al Gore. Mudanças de última hora impostas pelas autoridades eleitorais podem municiar ainda mais os advogados dos candidatos em impugnações do resultado. No mínimo, o baixo comparecimento às urnas introduzirá uma nova variável numa eleição que deve ser uma das mais acirradas na história dos EUA. Votar pode estar longe de ser uma prioridade para centenas de milhares de pessoas às voltas com a falta de energia, a escassez de combustível e a queda das temperaturas. "É uma possibilidade que vejamos quedas significativas no comparecimento em algumas dessas áreas densamente povoadas", disse Michael McDonald, professor de Ciências Políticas da Universidade George Mason. "Os efeitos podem ser bastante dramáticos em termos de voto popular." A eleição de terça-feira será especialmente complicada em Nova York e Nova Jersey, os Estados mais atingidos pela tempestade. Ali, equipes de resgate ainda recolhem corpos, 1,9 milhão de empresas e moradias estão sem energia, e dezenas de milhares de pessoas enfrentam a aproximação do inverno sem calefação. As autoridades eleitorais enfrentam agora desafios sem precedentes. Em Nova York, 143 mil eleitores foram transferidos de seção eleitoral, e o prefeito Michael Bloomberg alertou que nem os mesários foram adequadamente informados das mudanças. Em Nova Jersey, as autoridades vão aceitar que eleitores transferidos de seção votem por email. Obama é favorito nos Estados de Nova York, Nova Jersey e Connecticut, que também foi muito atingido pela tempestade. A queda na participação eleitoral nesses Estados não deve privá-lo dos delegados desses Estados no Colégio Eleitoral, mas poderá reduzir o seu total de votos em nível nacional, levando a uma situação na qual ele seja reeleito com menos votos populares do que seu rival. "Você verá um baixo comparecimento às urnas, sim, mas isso não vai alterar o resultado da eleição", disse Jamie Chandler, professor de Ciência Política do Hunter College, que prevê a vitória de Obama com mais de 1 milhão de votos. No domingo, vários republicanos disseram que a tempestade beneficiou Obama por lhe dar uma vitrine midiática na reta final da campanha, desviando as atenções das questões econômicas. "O furacão foi o que interrompeu o impulso de Romney", disse Haley Barbour, ex-governador do Mississippi, à CNN. Assessores de Obama dizem acreditar que a tempestade não irá interferir no processo de votação, mas que manterão advogados de prontidão, por via das dúvidas. "Teremos advogados prontos para assegurar que as pessoas possam exercer seu direito de votar. Vamos proteger isso o mais rigorosamente que pudermos", disse David Plouffe, assessor graduado do presidente, na sexta-feira. (Reportagem adicional de Jeff Mason, Erin Smith, Jonathan Spicer, Philip Barbara e Andrew Longstreth)

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