Sargento morre em treino do Corpo de Bombeiros no DF

PUBLICIDADE

Por AE
Atualização:

Uma sessão de treinamento especial do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal terminou em morte, ontem. O sargento Washington Nunes, de 34 anos, sendo 15 de corporação, foi a vítima. O comando da corporação tratou a morte como um caso de afogamento, mas depoimentos de testemunhas acabaram obrigando o governo local a mandar abrir um inquérito militar. Durante o velório e o enterro, hoje, os colegas de Nunes disseram que os exercícios dos bombeiros especializados em resgate na água são "piores do que os que foram mostrados no filme Tropa de Elite, do cineasta José Padilha. Eles afirmaram também que o sargento era forte e, por isso, tinha o apelido de Aroeira, árvore quase mítica da flora brasileira pela dureza, o que em alguns lugares leva a população a chamá-la de "árvore de ferro". O comando dos bombeiros informou que o sargento nadara mais de 500 metros e desmaiou ao chegar à margem do Lago Paranoá. Os colegas contaram outra história: que Washington Nunes foi levado para uma distância de 500 metros da margem e deveria nadar o trajeto tendo de enfrentar os "tubarões", gíria para designar os bombeiros destacados para atrapalhar o nado. "A missão é dar caldos no nadador, obrigando-o a escapar dos que ficam puxando-o para o fundo do lago", contou um bombeiro. Nunes teria desmaiado em um desses caldos, e não foi reanimado. Por ordem do governador José Roberto Arruda (DEM), o Corpo de Bombeiros suspendeu temporariamente o curso de formação de mergulhadores especiais. O inquérito militar vai apurar se houve excessos durante o treinamento. O sargento Alexandre Henrique da Silva, que já fez o curso de mergulho, disse que o nadador não é empurrado, como denunciado por testemunhas. "O treinamento que o pessoal fala em ''agarrar'' é realizado em qualquer local do mundo. Caso a vítima que está sendo socorrida agarre o bombeiro, ele tem que saber se livrar dessa pressão", disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.