Sarkozy promete 2a viagem para buscar europeus presos no Chade

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Por STE
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O presidente da França, Nicolas Sarkozy, prometeu na terça-feira voltar ao Chade para garantir a libertação de um grupo de europeus acusado de tentar sequestrar 103 crianças africanas. Um ministro chadiano, no entanto, disse que os suspeitos deveriam ser julgados no país. Sarkozy voou no domingo para a ex-colônia francesa em uma missão durante a qual conseguiu libertar três jornalistas franceses e quatro comissárias de bordo espanholas, parte do grupo de 17 europeus detido no mês passado sob a acusação de sequestro de crianças. Mas dez deles continuam presos no Chade, entre os quais seis membros do grupo francês de ajuda humanitária Arca de Zoé, acusados de sequestro e fraude por tentarem tirar as crianças do país africano sem a autorização necessária. Três tripulantes espanhóis e um piloto belga são acusados de serem cúmplices. "Vou para lá buscar os que ainda não saíram, independente do que tenham feito", afirmou Sarkozy na terça-feira, durante uma visita a pescadores do noroeste da França. "O papel do presidente é tomar conta de todos os franceses." Mas a promessa dele parecia estar em contradição com a postura firme adotada pelo ministro chadiano do Interior, Ahmat Mahamat Bachir, que, expressando a indignação generalizada provocada pelo caso envolvendo as crianças, declarou que os europeus deveriam ser julgados e punidos dentro do Chade. "Não há dúvida de que as ações foram realizadas no Chade", afirmou Bachir, em uma entrevista concedida ao jornal francês Le Parisien e publicada na terça-feira. "É por isso que esses bandidos precisam ser julgados e condenados aqui." Durante a visita ao Chade, no domingo, Sarkozy, cujo governo se viu afetado pelo caso, disse que preferiria ver os franceses julgados pela Justiça da França. A França e o Chade possuem um acordo de cooperação judicial que permitiria o julgamento dos franceses no país de origem. Mas, segundo Bachir, isso significaria um "insulto" para a população chadiana. "Quando nossos criminosos são detidos no país de vocês, eles não são trazidos para cá. Então, falemos com seriedade. Os acusados devem ser julgados no Chade", disse. "E também têm de cumprir suas penas aqui. Deixemos que experimentem o gosto das nossas prisões", acrescentou. SUPOSTOS ÓRFÃOS Dentro da população chadiana, muitos ficaram indignados quando surgiram indícios de que os membros da Arca de Zoé esconderam os planos de levar as crianças, com idades de 1 a 10 anos, para a França quando as recolheram em vilarejos da fronteira do Sudão com o Chade. Ao mesmo tempo, os integrantes do grupo humanitário contaram a famílias européias que retirariam órfãos da região sudanesa de Darfur, atingida por um conflito armado, e que ofereceriam as crianças para serem adotadas. Mas, segundo autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU), 91 dessas crianças possuíam familiares vivos e, portanto, não eram órfãs. Se forem considerados culpados, os membros da Arca de Zoé podem ser condenados a penas de cinco a 20 anos de trabalhos forçados.

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