Segundo poço da ANP pode conter mais de 4,5 bi barris

PUBLICIDADE

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

Dois dias depois de anunciar um megacampo de 4,5 bilhões de barris no pré-sal da bacia de Santos, que poderá ser usado na capitalização da Petrobras, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP) informou que o segundo poço sendo perfurado tem indicações de ser ainda maior. O primeiro poço, batizado inicialmente de Franco, distante apenas 41 quilômetros do campo de Iara, onde a operadora Petrobras estimou reservas de 3 a 4 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), tem pelo menos 4,5 bilhões de barris de petróleo recuperáveis. Batizado de Libra, o segundo poço --distante cerca de 30 quilômetros de Franco e cuja perfuração começou na semana passada-- levará cinco meses para ter seus dados divulgados. A ANP contratou a Petrobras para as atividades exploratórias. Ambos os prospectos não estão conectados a Iara, ou seja, não precisarão passar pelo processso de unitização com o ativo operado por concessão pela Petrobras. De acordo com a diretora da ANP Magda Chambriard, Libra tem melhores perspectivas que Franco, a segunda maior reserva descoberta do Brasil, atrás apenas de Tupi. "Espero que (Libra) seja muito grande, a principio pode ser maior do que Franco", disse a executiva, destacando que o novo poço pode inclusive se desdobrar em duas jazidas. "Pode ser um ou dois prospectos, ainda não temos dados suficientes". Magda ressaltou também que além de bastante óleo de boa qualidade --30 graus API-- Franco abriu uma nova perspectiva para a região por ter atingido colunas de coquina, formação rochosa localizada em região mais profunda do que a maioria das descobertas até o momento no pré-sal, limitadas até então às rochas conhecidas como microbiolitos. "Os poços chegavam na coquina e não exploravam mais porque achavam que a melhor parte era no microbiolito, e vimos que tem mais lá embaixo...isso pode ampliar o pré-sal", explicou Magda, reafirmando porém --"por enquanto"-- suas estimativas iniciais de reservas de 50 bilhões de barris de boe para o pré-sal. "Isso não muda nossa projeção de 50 bilhões...um pouco mais, um pouco menos que isso, mas Franco abriu um novo paradigma que foi trazer a coquina para o jogo", avaliou. A diretora informou que Franco entrará em testes de produção e a certificação está prevista para outubro. As propostas para contratação da certificadora serão abertas no próximo dia 27 e a vencedora conhecida 10 dias depois. MAIS POÇOS Sem querer comentar sobre capitalização da Petrobras --"é um assunto político e quem fala é o diretor geral (Haroldo Lima)"-- e apesar das perfurações da ANP só terem sido iniciadas após a divulgação da operação, Magda argumentou que desde 2007 a ANP começou a fazer sísmica, "o que não fazia", e que a decisão de perfurar 2 poços firmes e 2 contigentes já havia sido tomada antes do anúncio da capitalização. "Meu trabalho aqui é aumentar o valor dos ativos da União", ressaltou, referindo-se a reduzir o risco de blocos que podem ser colocados em licitação pela ANP. Para Magda, o bom desempenho da autarquia na parceria com a Petrobras deverá garantir a continuidade dessas perfurações. A agência já programa outros poços, que poderão fazer parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "A gente já escolheu o local para o terceiro e o quarto poço, mas ainda temos que conversar", disse a executiva referindo-se à necessidade de verba para continuar a campanha. Para este ano, o orçamento da ANP é de 268 milhões de reais, mas a autarquia tem direito a parte da Participação Especial para Pesquisa e Desenvolvimento, o que poderá ser acionado. "Nossa ideia é analisar a contratação direta da Petrobras", informou. Tanto Franco quanto Libra estão sendo perfurados pela Petrobras sem custos para a ANP, que contratou a estatal como faz com empresas de coleta de dados, "por sua conta e risco". "Nós chamamos a BG, a Shell para fazer o mesmo trabalho, mas quem veio?", informou Magda, dizendo que a Petrobras fechou compromisso com a autarquia em meados de 2009. A diretora disse ainda que a agência está preparada para realizar a 11a rodada de licitações de blocos de petróleo este ano, mas que a decisão depende do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.