Sem resposta de Kiev, polícia se rende ao controle dos rebeldes no leste

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Por THOMAS GROVE
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A polícia de Luhansk já tinha empilhado sacos de areia até o teto de seu quartel-general, antecipando problemas, durante o mês de abril, quando edifícios do governo e delegacias foram tomados por separatistas armados em todo o leste da Ucrânia. Mas nada os havia preparado para o ataque da noite de terça-feira, realizado por homens armados com fuzis automáticos, bombas de gasolina e granadas de efeito moral. O chefe de polícia da cidade, Vladimir Ruslavsky, não teve muita escolha além de entregar o comando, mostrando aos invasores a carta de demissão que exigiram, assinada e enviada por fax para o Ministério do Interior em Kiev, disse uma porta-voz da polícia local. O governo da cidade, o gabinete da promotoria e o centro de televisão já tinham se rendido durante o grande avanço dos separatistas pró-Rússia em seu levante de três semanas contra o governo pró-Ocidente de Kiev. "Passei a noite toda aqui", disse à Reuters a porta-voz Tatyana Pogukai nesta quarta-feira. "Dormi no chão". "A central mandou constantemente mensagens de que estávamos sendo atacados, que estavam lançando granadas, mas não houve resposta", afirmou ela a respeito da liderança da polícia nacional na capital. "Não há ordens de Kiev. Nenhuma sequer. Há a sensação de que, para Kiev, Luhansk e a delegacia de polícia de Luhansk simplesmente não existem". O relato dos ataques de terça na capital provincial no extremo leste ucraniano, a uma hora da fronteira russa, reforça a impressão de que a região está fugindo do controle do governo central, formado há pouco mais de dois meses em meio aos piores distúrbios civis na Ucrânia desde sua independência em 1991. O desfecho provavelmente será conhecido depois de 11 de maio, quando a autodeclarada "República Popular de Donetsk", também no leste, realizará um referendo de secessão, repetindo os eventos na Crimeia antes de sua anexação pela Rússia no final de março. Em Luhansk, os policiais de Ruslavsky não revidaram o ataque, imitando seus colegas de outras cidades do leste, que mais cedo ou mais tarde se renderam quando confrontados por multidões raivosas armadas com bastões e correntes e muitas vezes apoiadas por atiradores bem organizados usando máscaras e uniformes militares. Abordada por um repórter, a polícia encaminhou as perguntas a um homem vestido à paisana que conversava e ria com policiais na rua. "Os criminosos continuam sendo criminosos, apesar da revolução", disse ele, explicando por que os separatistas permitiram que a polícia continue trabalhando. "A polícia tem as informações, as habilidades profissionais, se você a expulsa terá o caos".

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