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Senadores tentam encurtar sessão para que julgamento comece no dia 25

Inicialmente, 55 parlamentares tinham sido inscritos para falar na sessão especial do Congresso; número já caiu para 47 pessoas

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Por Julia Lindner , Fabio Fabrini , Isabela Bonfim e Isadora Peron
Atualização:
 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Alguns senadores da base aliada do presidente em exercício Michel Temer estão desistindo de falar na tribuna do Senado para tentar antecipar a votação da pronúncia do processo de impeachment para as 23h30 desta terça-feira. Inicialmente, havia 55 parlamentares inscritos e a previsão era de que a sessão se estendesse até a madrugada de quarta-feira, porém o número já caiu para 47. O objetivo é fazer com que o julgamento final do impedimento da presidente afastada Dilma Rousseff comece no dia 25 de agosto e termine no dia 29 de agosto.

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O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), declarou que os parlamentares da bancada do seu partido concordaram em abrir mão do tempo de inscrição. Segundo ele, os parlamentares Wilder Morais (PP-GO), Ciro Nogueira (PP-PI), Zezé Perrella (PTB-MG) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), já teriam concordado em abrir mão de seus discursos. Com o apoio do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ele estaria tentando convencer outros partidos a fazerem o mesmo. "Meu voto é pelo afastamento da presidente afastada. Eu respeito Dilma, mas ela não tem mais governabilidade", disse Eunício.

Eunício justificou que, como a votação de hoje é "muito simples" (referindo-se ao fato de que para a pronúncia ser aprovada basta a maioria simples dos senadores) não é necessário que todos os parlamentares se pronunciem hoje, diferentemente do julgamento final, que precisa dos votos de dois terços da Casa. As senadores peemedebistas Simone Tebet (MS), que declarou voto a favor do impeachment, e Kátia Abreu (TO), que reforçou o seu voto contrário, discursaram antes do intervalo. Logo após a suspensão da sessão, o senador Valdir Raupp (RO), favorável ao impedimento, também falou.

Oposicionistas criticaram a estratégia dos aliados de Temer de tentar antecipar o término da sessão de hoje. "É lamentável. Um processo grave como esse em que nós estamos substituindo a vontade da população nós temos que pelo menos debater", disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Já Gleisi Hoffmann (PT-PR) ironizou e disse que "ninguém é Cinderela para ter que encerrar a sessão antes da meia-noite". Antes do PMDB anunciar que retiraria as inscrições, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), já havia declarado no plenário que os senadores da legenda abririam mão do tempo de fala.