Serviço mais acessível ao agricultor

Produtores estão animados com o programa de subvenção, embora reclamem que indenização é baixa

PUBLICIDADE

Por Tania Rabello , Niza Souza e Fernanda Yoneya
Atualização:

Estimulado pela subvenção federal ao prêmio do seguro agrícola, o produtor Renato Greidanus, de Carambeí (PR), voltou a fazer seguro da lavoura no ano passado. Ele cultiva soja, milho, trigo e feijão em 950 hectares. "Antigamente, o custo para fazer seguro era muito alto e havia muita burocracia. Demorava muito para receber a indenização de sinistro", conta o produtor. Com a ajuda da subvenção federal, Greidanus segurou a lavoura de trigo contra geada, granizo e seca, "mas principalmente por causa da geada". O produtor diz que, embora o seguro seja uma ferramenta importante, o valor assegurado, definido pelas seguradoras, ainda é baixo. Segundo ele, o valor da indenização é de R$ 500 a R$ 600/hectare, ante um custo de produção de R$ 950/hectare. "O custo do prêmio, para mim, é de R$ 17 a R$ 20/hectare", afirma. "Mesmo o seguro cobrindo apenas parte do custo de produção, é melhor do que nada", diz. Via cooperativa Greidanus contratou o seguro via cooperativa. "A cooperativa faz o papel intermediário entre produtor e seguradora. O processo fica menos burocrático, mas, como voltei a fazer seguro agora, ainda não sei como será o processo de indenização se houver sinistro." Para o gerente agrícola da Batavo Cooperativa Agroindustrial, em Carambeí, Anacleto Luis Ferri, a subvenção federal tem estimulado a busca por seguro. "A cooperativa tinha um fundo mútuo, próprio, que cobria prejuízos em casos de granizo. Com a subvenção federal, o produtor tem a possibilidade de optar por uma proteção oficial", avalia, destacando que, além do granizo, que causa danos localizados, há o risco de geadas, que atingem 100% das lavouras. Safra de inverno Na última safra de inverno de trigo, Ferri diz que a cooperativa atendeu a 90 cooperados. De 38 mil hectares cultivados de trigo, 27 mil hectares foram segurados. "Aqui, o problema é a safra de inverno. Na safra de verão, é raro haver perdas por seca, então não compensa fazer seguro na região." Em outra cooperativa, a subvenção também vem estimulando a adesão de produtores. "A subvenção começou a pegar mesmo em 2006", diz o gerente da corretora de seguros da Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia (Carol), em SP, Paulo Roberto Mochiuti. Segundo ele, com a subvenção federal, o custo para o produtor do seguro da soja está em meia saca por hectare e, o do milho, em 1 saca por hectare. "Antes, era pelo menos o dobro disso", afirma Mochiuti. O produtor Renato Ribeiro Junqueira, que produz soja, milho e cana em 1.500 hectares, em Orlândia, confirma que o custo do seguro caiu pela metade. "Com a subvenção federal, ficou mais acessível e, embora o valor segurado seja menor que o custo de produção, já ajuda bastante." Atualmente, entre cooperados e não-cooperados, a corretora da Carol atende a 5 mil produtores. "O seguro dá cobertura em caso de excesso de chuvas, geada, granizo, seca, tromba d?água, ventos fortes, ventos frios e incêndios." Defensor O produtor Flávio Ceolin conta que acompanhou a evolução do seguro rural no País e, hoje, atesta as vantagens. "Sempre fui um ferrenho defensor do seguro, mas o prêmio era caro e era preciso pagar uma franquia", afirma Ceolin, que tem 40 mil pés de uva e 3 mil de caqui, em Jundiaí (SP). Para o produtor, com a subvenção estadual do prêmio, há quatro anos, a situação começou a melhorar. Depois, com a subvenção federal, melhorou mais ainda, porque o produtor ficou com apenas 25% do custo. "De seis anos para cá, é difícil encontrar, em Jundiaí, produtor que não faça seguro." Outro fruticultor de Jundiaí (SP), Mário Molinari, utiliza 50% da subvenção federal e 20% da ajuda estadual para segurar 25 mil pés de uva. "Como fico agora com 30% do custo, fica mais fácil de contratar o serviço", afirma. "Mas é preciso obedecer ao zoneamento agrícola e a seguradora vistoria a propriedade, para checar as informações dadas pelo produtor", diz Molinari. Segundo ele, a época mais crítica para a atividade é de outubro a dezembro, porque o calor aumenta o risco de chuvas de granizo. Informações: Fenaseg, tel. (0--11) 3366-5199

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.