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Setor automotivo tem outubro recorde em vendas e produção

Por ALBERTO ALERIGI
Atualização:

A indústria de veículos brasileira encerrou outubro com produção e vendas nos melhores níveis já registrados para o mês e manteve nesta quarta-feira a expectativa de encerrar 2012 com novos recordes de vendas e produção. O setor teve vendas de 341,6 mil veículos e produção de 318,7 mil unidades, expansões de 18,6 e 12,8 por cento sobre setembro, segundo dados da associação de montadoras, Anfavea. A entidade espera atividade aquecida nos meses de novembro e dezembro, antes do fim da redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor. Apesar de serem meses mais curtos, novembro terá 20 dias úteis e dezembro terá 19, ante 22 em outubro, o setor trabalha com expectativa de vendas de pelo menos 640 mil veículos no último bimestre do ano, já que a previsão de licenciamentos de 3,77 milhões a 3,8 milhões de unidades em 2012 foi mantida. De janeiro a outubro, os emplacamentos acumulam 3,13 milhões de veículos, crescimento de 5,7 por cento sobre o mesmo período de 2011. "Algumas montadoras estão deixando férias coletivas para janeiro e fornecedores também (...) Espero que novembro seja um mês bom. O PIB está dando sinais de melhora e a segunda quinzena (de novembro) vai ser boa", disse o presidente da Anfavea, também presidente do grupo Fiat para a América Latina, Cledorvino Belini. A produção acumulada de 2012 até outubro soma 2,78 milhões de veículos, volume 3,3 por cento abaixo do mesmo período de 2011, mas a entidade manteve expectativa de um crescimento de 2 por cento no fechado do ano, para 3,475 milhões de unidades. A previsão para a produção ocorre em meio a um volume de estoques considerado normal em outubro, de 313,27 mil veículos -- equivalente a 28 dias de vendas-- e uma esperada corrida de consumidores às concessionárias antes do fim do desconto do IPI, concedido no fim de maio para estimular o setor. 2013 Para o próximo ano, Belini evitou cravar números, mas afirmou que se as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro se confirmarem em 3 a 4 por cento, "seria natural esperar que as vendas cresçam nesse patamar em 2013". Na véspera, a associação de distribuidores de veículos, Fenabrave, estimou crescimento de 3,5 por cento do PIB em 2013, o que deve impulsionar os licenciamentos acima desse ritmo no próximo ano . O ano que vem será marcado pelo novo regime automotivo Inovar-Auto, regulamentado pelo governo em outubro e que exigirá das montadoras mais investimento no país . Além disso, as empresas passarão a ser obrigadas a produzir pelo menos 60 por cento de seus veículos com sistemas de segurança ABS e airbags e a inserir recursos de rastreamento antifurto, o que, junto com fim do desconto do IPI, poderá encarecer os veículos. Porém, Belini espera que a recuperação da economia após o fraco desempenho deste ano ajude a conter uma eventual queda nas vendas. Também em 2013 vence o prazo do atual acordo automotivo entre Brasil e Argentina, mas Belini não mostrou otimismo sobre um eventual acerto de livre comércio entre os países. "O objetivo é livre comércio, mas entendemos que a Argentina está em uma situação difícil de cumprir isso. O maior fluxo de nossas exportações é para a Argentina, mas (um acordo de livre comércio) é difícil, difícil", disse Belini. CAMINHÕES Em outubro, o segmento de caminhões, que vem apresentando desempenho fraco desde o início do ano, teve alta de 10,6 por cento na produção ante setembro, para 12,68 mil unidades. Enquanto isso, as vendas saltaram 47,8 por cento, a 12,62 mil. Porém, Belini avaliou ser cedo para se considerar que o movimento de outubro poderia indicar um início de recuperação mais firme do segmento nos próximos meses. "Ainda não está bom, melhorou muito o mercado, mas não dá ainda para dizer que há uma continuidade na recuperação", afirmou, acrescentando que não espera um 2013 "tão ruim assim". A alta nas vendas de caminhões em outubro ocorreu depois que o governo no final de agosto reduziu de 5,5 por cento para 2,5 por cento os juros do programa de financiamento PSI-Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A redução é válida até o final do ano e Belini não espera uma renovação no benefício em 2013. "A intenção do governo foi fazer uma ponte até o final do ano com a expectativa de que a economia comece a girar (...) Não vejo possibilidade de extensão para o próximo ano do PSI para caminhões e máquinas. Isso foi decidido para dar fôlego ao setor antes do PIB começar a girar melhor", disse Belini.

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