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Silagem boa com manejo adequado

Ao abrir o silo, produtor deve observar aspecto do volumoso e descartar porções deterioradas antes de dá-lo ao gado

Por Fernanda Yoneya
Atualização:

Após todo o investimento feito na condução da lavoura destinada à produção de silagem e em todo o processo de confecção do alimento - colheita, picagem, compactação e vedação -, chegou a época de fornecer o alimento ao rebanho. Nesta etapa, porém, os cuidados que o produtor deve ter para garantir uma silagem de boa qualidade aos animais continuam. ''A primeira recomendação é abrir o silo na hora certa'', diz o pesquisador Jackson Silva e Oliveira, da área de Nutrição de Ruminantes da Embrapa Gado de Leite. Segundo ele, não há época certa para fazer a abertura do silo. Isso é determinado pela necessidade do produtor, mas é preciso esperar, pelo menos, 30 dias após o fechamento. ''Para a silagem de milho e de sorgo, cujo alto nível de carboidratos solúveis favorece uma fermentação mais rápida, um mês é o período mínimo recomendado para que o processo esteja completo. Antes disso, o material ensilado pode não ter sido totalmente fermentado e pode não estar estabilizado, o que provoca perda na qualidade da silagem'', explica Oliveira. ''Há produtores que abrem o silo após 21 dias e obtêm um alimento de alto valor nutritivo. Mas, na dúvida, compensa esperar os 30 dias.'' Para as forrageiras que possuem menor concentração de carboidratos solúveis, como os capins, deve-se dar mais tempo para a fermentação se completar, pelo menos 40 dias após o fechamento. O problema da perda de qualidade da silagem, fala o pesquisador, é a diminuição do consumo pelos animais, o que compromete a produtividade do rebanho. No silo, a fermentação é anaeróbia, feita na ausência de ar. Se a fermentação da silagem não estiver concluída e o silo for aberto, o contato com o ar favorece a proliferação de fungos e microrganismos indesejáveis, que produzem substâncias nocivas. Ao abrir o silo, o produtor deve ser criterioso antes de dar a silagem aos animais. Características como aspecto, odor e temperatura precisam ser avaliados, recomenda Oliveira. A silagem de milho, por exemplo, tem coloração verde-clara ou amarelada. Já a coloração da silagem de sorgo é mais puxada para o marrom, enquanto o volumoso de capim é verde-escuro meio amarronzado. ''Manchas escuras é sinal de contaminação.'' FERMENTAÇÃO Conforme o pesquisador, a ocorrência de manchas indica alterações na fermentação por causa da presença de ar ou água ou decorrente de uma má compactação. ''São comuns alterações de cor nas paredes do silo, onde há passagem de umidade, e, na área que fica imediatamente sob a lona de cobertura, onde pode haver maior contato com o ar ou com a radiação solar, conforme o manejo do silo.'' Quanto ao odor, um volumoso bem feito tem cheiro adocicado, levemente ácido, puxado para o vinagre. Se o odor for desagradável, adstringente, também é sinal de problema. Em relação à temperatura, ao abrir o silo, a silagem deve estar fria. Silagem quente também indica problemas. ''Às vezes a lona fura e entra água e ar no silo. Isso provoca o aquecimento da silagem.'' Em caso de qualquer alteração de aspecto, odor ou temperatura, é necessário descartar a porção deteriorada. ''Onde o aspecto não estiver normal certamente o odor e a temperatura também estarão alterados.'' Como a silagem deteriorada não deve ser fornecida a animais de nenhuma categoria, Oliveira sugere aproveitar o volumoso deteriorado como matéria orgânica. ''Em uma esterqueira a fermentação é concluída e o material pode ser incorporado ao solo.'' Normalmente, a silagem é retirada e oferecida imediatamente aos animais diretamente no cocho, pura ou misturada a um concentrado. Ao cortar a silagem, porém, a dica é retirar camadas uniformes, em fatias não muito finas. Como o ar penetra pela face da silagem que fica exposta, a retirada de camadas grossas possibilita o alcance do interior do material, que está mais preservado. Outra recomendação é retirar do silo apenas a quantidade de volumoso que será consumida no dia. ''Não se deve deixar a silagem separada de um dia para o outro, pois, em contato com o ar, pode apodrecer.'' Após fazer a retirada, não precisa vedar novamente o silo. Basta cobrir o material com uma lona para proteger do sol e da chuva. Oliveira destaca, ainda, que se a silagem não tiver sido bem feita de nada adiantam esses cuidados. ''Após a abertura do silo, a silagem perdida não pode mais ser recuperada.'' INFORMAÇÕES: Embrapa, tel. (0--32) 3249-4700 Alimento bem conservado Fermentação: Para a silagem de milho e sorgo, espere, no mínimo, 30 dias após o fechamento do silo para abri-lo. Para silagem de capim, espere 40 dias Camadas: Retire fatias de silagem de, no mínimo, 15 centímetros para dar ao rebanho. Isso garante o alcance de porções mais internas, que estão mais preservadas Características: Verifique a aparência, o odor e a temperatura da silagem antes de dá-la ao rebanho. Manchas escuras, cheiro desagradável e silagem quente são sinais de contaminação por fungos ou microrganismos. Não dê silagem deteriorada a nenhum animal Consumo imediato: Retire do silo apenas a silagem que será consumida no dia, para o material não perder valor nutricional Proteção: Após retirar a fatia de silagem, cubra o silo com lona para proteger o material do sol e da chuva

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