Sindicalistas pedem a Lula queda de 2 pontos na taxa de juros

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Por Redação
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Os sindicalistas chegaram ao Palácio do Planalto para encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira, pressionando pela queda na taxa básica de juros de até 2 pontos percentuais. Em tom de cobrança, os presidentes das centrais sindicais pediram também a redução dos spreads bancários, defendendo que os bancos públicos induzam esse movimento, e acusaram empresários de aproveitar a crise para demitir. O presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, não foi nada econômico ao dizer o que Lula poderia fazer para enfrentar a questão do desemprego. "(O presidente) pode dizer que o Banco Central vai baixar 2 pontos percentuais (a Selic), que os bancos do governo vão baixar os spreads violentamente e também aumentar as parcelas do seguro-desemprego", disse a jornalistas. Embora não tenha uma autonomia formal, o BC detém uma independência operacional e várias vezes contrariou as expectativas do Palácio do Planalto sobre a condução da política monetária. "A questão do Brasil não é trabalhista, é eminentemente financeira", afirmou o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, que endossou a tese de redução de 2 pontos na taxa Selic. Se estão unidos em relação à necessidade de queda na taxa de juros, os sindicalistas divergem sobre as questões trabalhistas. A Força Sindical aceita conversar sobre flexibilização do regime de trabalho dentro da legislação, mas outras centrais querem que o governo endureça a lei trabalhista para forçar as empresas a contratar mais. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, disse que o governo deve pressionar setores do empresariado que estão usando a crise como desculpa para demitir. "É um momento de emergência, mas não no sentido de diminuir o emprego e a renda. Tem que ser o contrário", defendeu. Artur Henrique se disse favorável a férias coletivas sem corte de salários ou folgas coletivas em alguns dias de semana como forma das empresas pouparem no gasto para o funcionamento das fábricas. "Essa é uma economia possível de ser trabalhada nos três primeiros meses do ano", afirmou. O presidente da UGT, por sua vez, defendeu que governo dificulte o uso de banco de horas e horas extras. "Não dá para compreender muitas empresas querendo demitir e fazendo horas extras", comentou Patah. Artur Henrique, da CUT, disse que o governo federal e os governadores estaduais precisam diminuir impostos para impulsionar o crescimento da economia e evitar demissões. "Falta ousadia", afirmou. "A diminuição da arrecadação seria compensada pelo consumo." Além da redução de impostos, dos juros e dos spreads bancários, a Força Sindical quer se bater também por mais parcelas do seguro-desemprego. "A Força não pode abrir mão de direitos trabalhistas, mas estamos dispostos a discutir o que a legislação permite. Disso se pode abrir mão para garantir o emprego", disse Paulinho. Para a CUT, o aumento das parcelas do seguro-desemprego não é uma prioridade. "Não dá para ter no centro do debate a consequência e não a raiz do problema", criticou Artur Henrique. O presidente da CUT atacou empresas de energia e de produção de cimento como algumas que passaram por ótimos momentos e agora estão demitindo. "Esses são oportunistas na nossa opinião", disse. Paulinho afirmou que na segunda-feira já começaram movimentos de greve, que algumas fábricas que ameaçam demitir foram invadidas e que vão começar as manifestações para cobrar queda dos juros. O presidente da Força Sindical criticou o fato de a crise "correr solta" e os ministros da Fazenda (Guido Mantega) e do Planejamento (Paulo Bernardo) estarem de férias. "Tem que mandar o ministro voltar das férias e cuidar do país", afirmou. Sobre os números do desemprego revelados hoje pelo ministério do Trabalho, Paulinho foi irônico. "Eles estavam achando que estava uma beleza, mas nós sabíamos que o desemprego corria solto. Janeiro será pior", previu. (Reportagem de Fernando Exman, texto de Mair Pena Neto; edição de Alexandre Caverni)

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