Síria reforça controle em áreas de protestos no norte

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Por KHALED YACOUB OWEIS
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Tanques e veículos blindados sírios reforçaram nesta quinta-feira posições na cidade de Maarat al-Numaan, no norte do país, depois que milhares de pessoas fugiram da repressão desencadeada pelo presidente Bashar al-Assad contra os protestos antigovernamentais. Moradores da área e um grupo sírio de defesa de direitos civis disseram que dezenas de tanques e veículos de transporte de tropas foram deslocados para os arredores de Khan Sheikhoun, localidade situada 30 quilômetros ao sul de Maarat al-Numaan, na principal rodovia norte-sul, de ligação entre Damasco e Aleppo. A repressão militar forçou milhares de pessoas a atravessar a fronteira e buscar refúgio na Turquia, onde o ministro de Relações Exteriores, Ahmed Davutoglu, mantinha conversações com um enviado sírio, na qual se esperava que ele pedisse a interrupção da repressão. As entidades sírias de defesa de direitos dizem que 1.300 civis e mais de 300 soldados e policiais foram mortos desde o início dos protestos, em março, contra os 41 anos de regime da família Assad. As manifestações foram inspirados pelos levantes árabes que levaram à derrubada dos líderes do Egito e da Turquia. Assad, de uma ramificação xiita do islamismo, é aliado do Irã e dá apoio aos grupos militantes palestino Hamas e libanês Hezbollah. Elevem sendo condenado internacionalmente pela repressão, mas a única resposta concreta à violência foram as sanções da União Europeia e dos Estados Unidos contra o presidente e seus assessores próximos. Assad fez vagas promessas de reforma ao mesmo tempo que enviava tropas para esmagar as manifestações. O último foco de rebelião está no nordeste do país, no entorno da cidade de Jisr al-Shughour, onde as autoridades dizem que 120 membros das forças de segurança foram mortos no início do mês. Moradores dizem que as forças sírias prenderam centenas de pessoas em vilarejos perto de Jisr al-Shughour, no domingo, e estão agora seguindo para Maarat al-Numaan. "Os soldados estão atirando a esmo na periferia de Maarat al-Numaan para assustar a população, o que levou mais gente a partir durante a noite", disse à Reuters por telefone uma testemunha da vila de Maarshamsh, nas imediações de Maarat al-Numaan, na noite de quarta-feira. Ele disse que um homem foi morto e os tiros eram tão pesados que teve de proteger-se enterrando-se no quintal de casa. No conservador subúrbio de Harasta, em Damasco, forças de segurança dispararam com munição real para dispersar 200 mulheres que exigiam a libertação de maridos e parentes, presos durante uma ação para pôr fim aos protestos, disse uma testemunha. "Elas levavam cartazes dizendo: 'Onde está meu marido?' e fotos dos prisioneiros. Ninguém ficou ferido, mas nem fazia 10 minutos que a manifestação havia começado quando eles abriram fogo", relatou a testemunha. (Reportagem adicional de Tulay Kardeniz em Guvecci, e Simon Cameron-Moore e Ibon Villelabeitia em Ancara, na Turquia)

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