Sob novo comando, Celpa inicia PDV e ações para reduzir perdas

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Por ANNA FLÁVIA ROCHAS
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A Celpa pretende reduzir o quadro de funcionários em cerca de 22 por cento com um programa de demissão voluntária e iniciar ações mais ofensivas de combate às perdas de energia, dentro do plano para recuperar a distribuidora paraense, que teve prejuízo de 700 milhões de reais em 2012. A empresa já iniciou ações para aprimorar a qualidade do serviço, que abrange duração e frequência das quedas de fornecimento de energia. Mas o trabalho de combate às perdas começa efetivamente em abril, disse o presidente da empresa em entrevista à Reuters. "Por enquanto, o combate às perdas está muito pontual e se dará realmente a partir do final desse mês", disse Nonato Castro, ao acrescentar que a empresa pretende regularizar 30 mil ligações irregulares em 2013. A Celpa era controlada pelo Grupo Rede Energia e, após passar por um processo de recuperação judicial, foi assumida pela Equatorial Energia em novembro. A Equatorial pagou 1 real para assumir a paraense e suas dívidas - a dívida bruta somava 1,893 bilhão de reais ao fim de 2012. A expectativa é de repetir na Celpa o sucesso obtido na reestruturação da distribuidora maranhense Cemar. "Estamos replicando o modelo de gestão (da Cemar)... Para isso, temos que treinar pessoas, readequar o quadro, mudar a estrutura organizacional e elaborar planos para as ações", disse Nonato Castro, que deixou a diretoria de Distribuição da Cemar para assumir a Celpa. A distribuidora paraense fechou de 2012 com perdas totais de energia de 35 por cento. As perdas não-técnicas sobre o mercado de baixa tensão, que considera as perdas por ligações irregulares, os chamados "gatos", foram de 58,4 por cento. As metas regulatórias estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica para o período de agosto de 2012 a julho de 2013 são de 29,8 por cento e 41,5 por cento, respectivamente, segundo informações no balanço da companhia. Nonato afirmou que no primeiro trimestre de 2013 a empresa já apresentará melhorias de resultados e na qualidade de serviço. Mas acrescentou que ainda é cedo para saber se a Celpa conseguirá reverter em 2013 o Ebitda negativo de 355,4 milhões de reais registrado em 2012. O executivo disse que a situação da Celpa é bem semelhante à vivenciada pela Equatorial na época em que assumiu a Cemar, mas as perdas de energia na Celpa são um pouco maiores e a extensão territorial da concessão é mais de três vezes a da Cemar. Dentro das ações para recuperar a Celpa, a companhia lançou um plano de demissão voluntária neste mês e que conta com a adesão de 115 funcionários até agora, de um total de cerca de 500 elegíveis, nas estimativas da companhia. A empresa tinha 2.200 funcionários em novembro, dos quais 1.200 estavam concentrados só na capital Belém. O executivo não quis mencionar o custo do plano de demissões para a companhia, mas o valor deve ser provisionado no resultado do primeiro trimestre de 2013 e a expectativa é que o PDV seja concluído até o fim do ano. Outras demissões independentes do PDV também estão ocorrendo, dentro da intenção da companhia de alcançar eficiência e melhoria de resultados. A Celpa já recebeu cerca de 350 milhões de reais do aporte da Equatorial, valor previsto no plano de recuperação em janeiro, segundo Nonato. A empresa também levantou 405,6 milhões de reais com um aumento de capital finalizado em março. Ainda não foi definido se há necessidade de mais financiamento para levar adiante o plano de investimentos na companhia no ano, segundo Nonato. A decisão depende da definir a cobertura dos custos relacionados à subcontratação de energia. O governo federal definiu que a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) irá cobrir os gastos das distribuidoras relacionados à forte geração térmica e subcontratação em 2013, mas o tema ainda tem que ser regulamentado. "Estamos comprando energia no mercado spot (de curto prazo), que está bem mais cara. Isso não estava previsto no orçamento... como o processo ainda não está totalmente claro, vamos ter que aguardar para verificar essa possibilidade", disse o executivo.

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