
24 de novembro de 2014 | 17h02
Os Estados Unidos e outros governos ocidentais estão criticando a lentidão de Kiev para criar um novo gabinete desde as eleições de outubro – e existem suspeitas de que a demora se deve a diferenças entre Poroshenko e o primeiro-ministro, Arseny Yatseniuk, a respeito do controle de ministérios importantes.
“Esperamos que o processo (de formação de um governo) comece nesta semana”, afirmou Poroshenko em uma coletiva de imprensa com a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, que visita a Ucrânia, aparentemente se referindo à primeira sessão do novo Parlamento, na terça-feira.
Separadamente, Poroshenko também anunciou que a Lituânia irá fornecer alguma ajuda militar à Ucrânia para ajudar Kiev em sua luta contra os separatistas pró-Rússia no leste do país.
“Concordamos com o suprimento de elementos concretos de armamentos para as Forças Armadas ucranianas. Isso é ajuda de verdade”, afirmou Poroshenko, ao lado de Grybauskaite.
Mas não ficou claro se a Lituânia está seguindo o exemplo dos EUA, que também faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e está provendo equipamento militar não letal, ou se irá oferecer armamentos – algo que os países da Otan até agora relutaram em fazer por receio de que armar um não membro da aliança leve a um conflito com a Rússia.
A Ucrânia tem pressionado os membros da Otan a fornecer armas para ajudá-la a se defender dos ataques dos rebeldes, bem armados e apoiados por Moscou e que, antes da entrada em vigor de um cessar-fogo, infligiram baixas pesadas às forças do governo na tentativa de se apoderar de partes do leste ucraniano.
Apesar da trégua, mais três soldados ucranianos foram mortos de domingo para segunda-feira, declararam os militares de Kiev.
A capital afirma que mais de 150 soldados do governo morreram desde que o cessar-fogo teve início, em 5 de setembro. A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que mais de 4.300 pessoas já foram mortas no conflito.
Indagado se a Ucrânia irá buscar se juntar à Otan, Poroshenko acenou com a perspectiva de um referendo daqui a vários anos, mas afirmou que as tentativas de fazê-lo agora causariam “mais mal do que bem”.
Eleito em maio, Poroshenko não ofereceu nenhuma explicação para o atraso na formação do gabinete, que pode vir à tona no início da semana que vem.
Mas analistas afirmam que o presidente quer seu candidato no posto crucial de ministério do Interior – embora caiba ao premiê nomeá-lo.
Com o país em guerra, isso daria a Poroshenko, e não a Yatseniuk, o controle sobre um cargo que comanda a Guarda Nacional e os batalhões de voluntários que lutam ao lado das forças governamentais contra os separatistas.
(Reportagem adicional de Pavel Polityuk)
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