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Soldados rebeldes movem tanques para capital de Madagascar

Tanques estão em 'local secreto''; país vive luta de poder entre presidente e líder da oposição.

Por BBC Brasil
Atualização:

Soldados dissidentes na ilha africana de Madagascar afirmaram que entraram com tanques na capital do país, Antananarivo, em meio à violenta luta pelo poder entre o presidente Marc Ravalomanana e o líder da oposição, o ex-prefeito Andy Rajoelina. Um porta-voz dos soldados dissidentes afirmou que os tanques não estão nas ruas da capital, mas em um "local secreto". O coronel Noel Rakotonandrasa, porta-voz dos soldados rebeldes, afirmou que os tanques foram enviados para a capital, conhecida localmente como Tana, como uma precaução para interceptar mercenários contratados pelo governo. Partidários da oposição temem que o presidente possa trazer mercenários para enfrentar os soldados rebeldes. "Levamos os tanques para Tana no meio da noite. Eles não estão nas ruas, mas em um local secreto", disse. O correspondente da BBC em Johanesburgo, Andrew Harding, afirmou que Madagascar está se encaminhando para uma guerra civil. Segundo as informações vindas da ilha, o presidente Ravalomanana divulgou um apelo pelo rádio, pedindo que as pessoas "se organizassem para proteger o presidente e o palácio presidencial dos soldados rebeldes". Cerca de 500 pessoas teriam atendo o chamado do presidente e correspondentes dizem que a presença militar é baixa nas ruas da capital. Ravalomanana tem tido dificuldades para conter os protestos liderados por Rajoelina. O Exército e a polícia militar se distanciaram do presidente e, na quinta, a polícia militar informou que não obedeceria às ordens do presidente. A Organização das Nações Unidas pediu negociações entre presidente e líder da oposição, mas as reuniões entre o presidente e Rajoelina, que estavam marcadas para quinta e sexta-feira, foram canceladas. Segundo correspondentes o país está afundando em caos políticos e não se sabe quem está em vantagem ou qual é exatamente o papel que os soldados rebeldes querem ter. Pelo menos 100 pessoas morreram durante os protestos da oposição na ilha, que começaram no final de janeiro. Governos de outros países aconselham seus cidadãos a não viajar para Madagascar e a indústria turística, fonte vital de renda para a ilha, está sendo prejudicada. O Exército, que inicialmente parecia relutante em se juntar à luta pelo poder na ilha, parece estar passando para o lado de Andy Rajoelina. Rajoelina é o ex-prefeito da capital e acusa o presidente de não combater a pobreza em Madagascar. O líder da oposição é um ex-DJ de 34 anos que foi destituído do cargo de prefeito da capital em fevereiro e tenta estabelecer um governo paralelo. Ainda não se sabe onde Rajoelina está. Uma autoridade francesa afirmou que ele deixou a embaixada francesa, onde tinha se refugiado. Correspondentes dizem que, durante o governo do presidente Marc Ravalomanana a economia de Madagascar passou por uma abertura para investimentos estrangeiros, particularmente no setor de mineração. Mas pouco destes investimentos foram usados para os 70% da população de 20 milhões que vivem com menos de US$ 2 por dia em Madagascar. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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