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Sorocaba voltará a captar água de rio despoluído

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

Depois de mais de um século após suspender o uso por causa da poluição, Sorocaba voltará a captar água para abastecimento público no rio que corta a cidade. O serviço municipal de saneamento anunciou a construção de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) no Parque Vitória Régia, na zona norte, para retirar e tratar a água do Rio Sorocaba. A decisão decorre da constatação de que um projeto de despoluição recuperou a qualidade das águas. O projeto, iniciado na década de 90 e que será concluído este ano, elimina os esgotos que eram lançados no rio.Atualmente, a cidade já capta uma pequena quantidade de água do Rio Sorocaba para abastecer o bairro Parque São Bento. Há ainda captações em afluentes limpos, como o Ribeirão Ipaneminha e o Córrego dos Ferraz, além de poços artesianos. Mais de 60% da cidade, no entanto, são abastecidos com água ''importada'' de Votorantim, município vizinho. Desde 1902, adutoras transportam água bruta de mananciais da Serra de São Francisco para a principal estação de tratamento da cidade, no bairro Cerrado.Acidentes ocorridos nessas adutoras nos anos de 2004 e 2006, e que deixaram a cidade sem abastecimento, levaram o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE) a repensar a captação no Rio Sorocaba, segundo o diretor Adhemar Spinelli Júnior. "O plano de reduzir a dependência das adutoras só se tornou possível a partir da despoluição do rio", disse. A nova estação de tratamento receberá R$ 53,4 milhões do governo federal. Serão captados 1,5 mil litros por segundo e a estação será interligada ao sistema atual de distribuição. O início das obras depende da licença ambiental.Iniciado em 1996, o projeto de despoluição incluiu a construção de 46 quilômetros de interceptores de esgotos nos afluentes e outros 28 quilômetros nas margens do rio Sorocaba. Foram feitas ainda 17 estações elevatórias e seis estações de tratamento. O rio vinha recebendo esgoto in natura desde os tempos em que Sorocaba era uma vila. Em 1885, a Câmara proibiu a retirada da água do rio por causa da contaminação. Na época, os ''pipeiros'' que distribuíam a água à população entraram em greve.

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