Suíça é criticada por lei que proíbe novos minaretes

Resultado de plebiscito contraria países islâmicos, UE e Vaticano

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Por Jamil Chade e GENEBRA
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O resultado da votação do fim de semana na Suíça, que proibiu novas construções de minaretes em mesquitas, provocou uma onda de protestos em todo o mundo. Em uma rara aliança informal, países muçulmanos, o Vaticano e até os demais países europeus condenaram a decisão. Todos temem que possa haver reações violentas de grupos radicais islâmicos.Com 57,5% dos votos, a população suíça apoiou a ideia de políticos de extrema direita de impedir a construção de novos minaretes nas mesquitas do país. Eles dizem que as construções seriam armas para "marcar o terreno" islâmico. Os quatro minaretes que existem na Suíça - onde vivem cerca de 400 mil muçulmanos - sequer são usados para chamar os fiéis para a reza. Mesmo assim, a população optou por bani-los. O resultado foi duramente atacado pela União Europeia, temendo uma deterioração da relação entre o continente e o mundo muçulmano. "Trata-se de uma expressão de preconceito e medo", disse Carl Bildt, chanceler da Suécia, que preside a UE até o fim de dezembro. "Os muçulmanos precisam entender que a Europa não tem problemas com eles. Os muçulmanos são europeus." Um dos ataques mais fortes veio do chanceler francês, Bernard Kouchner, que se disse escandalizado. "Trata-se de uma expressão de intolerância", afirmou. O governo suíço voltou a garantir que a liberdade de culto permanecerá inalterada. No entanto, nos países islâmicos, o temor é de que a decisão incentive protestos entre os mais radicais, como ocorreu quando um jornal dinamarquês publicou caricaturas de Maomé.Em Jacarta, a principal organização muçulmana indonésia, Nahdlatul Ulama, declarou que a votação era um "sinal da raiva e da intolerância" do Ocidente, mas pediu que os muçulmanos não reajam com violência. O ministro do Comércio do Egito, Rashid Mohamed Rashid, também criticou a votação, dizendo que ela cria um "ambiente ruim para os muçulmanos que vivem na Europa". O líder religioso sunita no Egito, Ali Gomaa, classificou o resultado como um "insulto" ao povo muçulmano. Ele, porém, também pediu que não haja represálias. O Vaticano também condenou a votação, alertando que se trata de uma "violação do direito de liberdade religiosa". O temor da Santa Sé é de que suas igrejas nos países muçulmanos sejam atacadas.

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