Superdotados na rede pública

Professores têm descoberto talentos por meio de capacitação

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Por Maria Rehder e maria.rehder@grupoestado.com.br
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O pequeno Leonardo, 9 anos, aluno da 3ª série da Escola Estadual Arthur Guimarães, Centro, ao ser questionado pela reportagem do JT sobre a localização do país Timor Leste não hesitou e respondeu: 'Fica no Sudeste Asiático, foi colônia de Portugal, hoje é independente e sua capital é Díli.' É com essa mesma agilidade que o menino responde não só questões de geografia, como de história, matemática, entre muitas outras disciplinas. 'Leio uns 5 livros por semana, tenho muita vontade de aprender, mas também adoro brincar', diz Leonardo. Sua mãe, Fátima Cavalcanti Martins, 41 anos - que trabalha em uma loja de roupas infantis no Centro - conta que se espantou quando ele começou a ler as primeiras palavras. 'Ele não tinha nem 3 anos e começou a perguntar com que letra começava o meu nome, o dele. Quando vi, ele já estava lendo as palavras ao seu redor.' No entanto, Fátima só foi alertada que seu filho poderia ser um superdotado quando ele ingressou na Escola Estadual Arthur Guimarães, no Centro, para cursar a 1ª série. 'A gente sabia que ele era diferente, mas não superdotado.' Após dois anos do diagnóstico, a mãe de Leonardo conta que já aprendeu a lidar com as altas habilidades do menino. 'A dificuldade era quando não sabia responder o que ele perguntava, mas hoje explico que vou pesquisar, ele entende.' Fátima afirma que gostaria de incentivar o desenvolvimento das habilidades do menino, mas encontra dificuldades. 'Sou mãe solteira, é difícil. Eu o matriculei em uma escola de inglês, os professores ficaram impressionados, mas tive de tirá-lo, pois não dava para pagar.' Leonardo já teve oportunidade de estudar em escola privada. 'Quando vi a diferença social, crianças com tênis caros, achei que isso daria um nó na cabeça dele.' Na escola A responsável pelo diagnóstico de Leonardo foi a coordenadora pedagógica Maria Célia Nunes. 'Os professores chegaram a reclamar que ele era indisciplinado, então o levei até a biblioteca e me surpreendi quando vi ele lendo enciclopédias e explicando tudo.' Além de conversar com a mãe do menino, a equipe pedagógica da escola, desde então, tem criado atividades para desenvolver suas habilidades. 'Não sabia como lidar com esse tipo de caso, mas agora estamos recebendo boas orientações.' Maria Célia se refere ao programa Caça-Talentos, da Secretaria Estadual de Educação, que tem capacitado 270 educadores para a identificar e trabalhar com os alunos superdotados das escolas estaduais. A professora Arlete Carbonari Freire Braga, que atua como auxiliar técnico-pedagógica, explica que é importante para Leonardo conviver com colegas da mesma idade. 'Mas quando as professores percebem que ele está inquieto, o levam para biblioteca', diz Arlete. A escola pretende levar Leonardo para fazer uma pesquisa de campo no Rio Tietê com alunos de 3º ano do Ensino Médio de outra escola. 'Depois, ele será o guia dos alunos da sua escola neste passeio.' O DIAGNÓSTICO * Alto grau de curiosidade; * Boa memória; persistência; * Atenção concentrada; * Independência e autonomia; * Interesse por áreas diversas; * Facilidade de aprendizagem; * Criatividade e imaginação * Iniciativa; liderança; * Vocabulário avançado para sua idade cronológica; * Riqueza de expressão verbal * Habilidade para considerar pontos de vistas dos outros; * Facilidade para interagir com os mais velhos O QUE FAZER * Segundo a consultora Christina Cupertino, ao diagnosticar o aluno com altas habilidades, a escola pode montar esquema para que ele conviva com pares da sua idade e participe de atividades pós-aula - em parceria com universidades - para desenvolver as habilidades * No site www.mec.gov.br, pode-se fazer download da apostila 'A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação'

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