
20 de junho de 2012 | 09h39
A ativista, ganhadora do Nobel da Paz, passou a maior parte dos últimos 20 anos sob prisão domiciliar. Sua libertação, em 2010, foi um marco num período de reformas que culminaria com a substituição da junta militar da ex-Birmânia por um regime civil. Neste ano, ela foi eleita deputada e deixou Mianmar pela primeira vez em décadas.
Questionada pela BBC sobre seu interesse em se tornar a líder dos birmaneses após a eleição prevista para 2015, ela disse: "Se eu puder liderá-los no caminho certo, sim".
Mas a eventual candidatura presidencial parece improvável, pois exigira uma alteração em cláusulas constitucionais que preservam o poder dos militares.
Na terça-feira, enquanto o presidente Thein Sein anunciava uma "segunda onda" de reformas em Mianmar, Suu Kyi era recebida como herói na sua visita à Grã-Bretanha, onde viveu antes de voltar a Mianmar para cuidar da mãe doente e ser presa, em 1988.
Completando 67 anos, ela foi aplaudida de pé pela plateia que lotava um auditório da London School of Economics. "São todos vocês e gente como vocês que me deram força para continuar. E suponho que eu tenha uma veia de teimosia", afirmou.
Em seguida, ela foi a Oxford, onde estudou política, filosofia e economia na década de 1960, e onde viveu por muitos anos com seu falecido marido, o acadêmico Michael Aris, e seus dois filhos, hoje com 35 e 39 anos.
"Bem-vinda de volta! Bem-vinda de volta!", gritavam cerca de 200 ativistas e moradores no centro medieval da cidade, por onde passou a comitiva dela.
O médico Peter Khin Tun, de 54 anos, há 18 fora de Mianmar, disse: "Estamos muito orgulhosos dela. Eu me sinto muito próximo dela. Por isso vim aqui. Ela é fiel a si mesma. Hoje em dia, é muito difícil ver alguém com o coração sincero."
Ela vai aproveitar a visita para encontrar os filhos e outros familiares, alguns dos quais ela nem conhece, já que ela se recusava a deixar Mianmar nas últimas décadas, mesmo nos breves períodos de liberdade, por medo de ser impedida de voltar.
"Eu senti falta deles (filhos), e eles sentiram a minha falta, mas, como eu disse, quando vi as vidas dos meus colegas, era muito pior", disse ela à Sky News. "Não justifico, acho que todos devem assumir a responsabilidade pelo que fazem. Aceito a responsabilidade pelo que fiz e por quem sou, e meus filhos devem fazer o mesmo."
(Reportagem adicional de Avril Ormsby e Mo Abbas em Londres)
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.