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Tailândia deixa crise política de lado para rezar por rei doente

Por DAVID FOX
Atualização:

Os tailandeses marcaram o 81o aniversário do rei Bhumibol Adulyadej, nesta sexta-feira, preocupados com a saúde do monarca e com a séria crise política que se instalou no país. O rei não fez o tradicional discurso anual na véspera do aniversário, num momento em que muitos tailandeses esperavam dele uma mensagem de unidade, após manifestantes da Aliança do Povo pela Democracia (APD) terem fechado o principal aeroporto de Bangcoc por uma semana. Nos três últimos anos, seus discursos foram direcionados para a necessidade de uma unidade nacional. Ainda assim, o pedido por um governo limpo foi amplamente interpretado como uma crítica a Thaksin Shinawatra, primeiro-ministro populista que caiu após um golpe em 2006. Um comunicado do palácio afirmou nesta sexta-feira que o rei sofria de febre intermitente desde quarta-feira, mas que era tratado por médicos no palácio em Bangcoc. Ele recebia soro intravenoso, com sal e glicose, por causa de uma infecção na garganta que o impedia de comer. O governo provisório cancelou a sessão parlamentar extraordinária da próxima segunda-feira que teria o objetivo de escolher um novo primeiro-ministro para suceder Somchai Wongsawat, cunhado de Thaksin, que foi condenado por fraude eleitoral nesta semana e perdeu os direitos políticos por cinco anos. Visto como um semideus por boa parte da população de 65 milhões de pessoas, o rei da Tailândia já interveio três vezes na política do país durante as seis décadas em que ocupa o trono, favorecendo governos eleitos ou militares. No ano passado, o monarca passou várias semanas no hospital por problemas circulatórios, trazendo preocupações sobre sua saúde. "Se o rei estiver doente de forma muito séria, e nós não sabemos se está, isso vai colocar a sucessão em primeiro plano na cabeça das pessoas", disse à Reuters Craig Reynolds, historiador da Tailândia na Universidade Nacional da Austrália. O monarca foi colocado no meio da mais recente disputa do país após o uso persistente de seu nome pela APD para combater Thaksin, cuja popularidade na zona rural, apoiada em assistência médica e crédito de baixo custo, preocupava a elite real e militar de Bangcoc. Na sexta-feira, milhares de tailandeses leais ao rei pacientemente fizeram fila no Grande Palácio de Bangcoc para desejar uma rápida recuperação. Cinco líderes da APD também foram ao palácio. Simpatizantes do partido, com camisetas amarelas, os disputavam para tirar fotografias. Trazendo esperança para 230 mil turistas estrangeiros, a agência Aeroportos da Tailândia afirmou que o aeroporto de Suvarnabhumi, um dos maiores da Ásia e que custou 4 bilhões de dólares, retomou as operações nesta sexta-feira após uma semana de fechamento. "Estamos abertos e operando, como um dia normal", disse a repórteres o ministro de Transportes, Santi Prompat, durante uma visita ao aeroporto nesta sexta-feira. (Reportagem adicional de Darren Schuettler)

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