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Teste põe em dúvida idade de túnica de São Francisco

Frades de duas igrejas pediram a um laboratórioque examinasse duas túnicas marrons simples

Por STE
Atualização:

Um teste de carbono colocou em dúvida a autenticidade de uma das quatro túnicas mantidas em igrejas italianas como relíquias de São Francisco de Assis, embora esteja comprovada a legitimidade de outra túnica, um cinto e uma almofada. Frades de duas igrejas da ordem franciscana, fundada pelo santo medieval, pediram a um laboratório especializado na datação de obras de arte que examinasse duas túnicas marrons simples, que supostamente teriam sido usadas pelo santo dos pobres, bem como uma almofada mortuária. Francisco abandonou seus bens materiais e a vida de playboy e soldado para se dedicar aos pobres e pregar a paz. Morreu em 1226, mas ainda hoje sua Assis natal atrai milhões de peregrinos por ano. Retratos artísticos do santo o mostram sempre com uma túnica marrom trespassada por uma corda à maneira de cinto - ainda hoje o hábito dos franciscanos. Quatro igrejas franciscanas dizem guardar relíquias do fundador. Mas a única túnica autenticada como sendo daquela época foi a da basílica de Cortona, na Toscana. A almofada bordada em que ele teria repousado no leito de morte também foi considerada legítima. Já a túnica que está na basílica da Santa Cruz, em Florença, não é da época do santo, embora a corda-cinto seja. "A túnica e a almofada de Cortona foram consideradas compatíveis com o período em que São Francisco viveu, mas uma de Florença não era", disse Pier Andrea Mando, do Laboratório de Física Nuclear de Florença, em nota divulgada na quarta-feira. As duas outras túnicas ficam em igrejas de Assis e Arezzo, pertencentes a outros ramos da mesma ordem, e por isso não foram incluídas nos testes, que usaram um espectrômetro de massa para avaliar a quantidade de carbono-14 presente nas amostras de tecido. Filho de um rico mercador, São Francisco teria descoberto sua vocação ao rezar em uma capela abandonada. "Vai, Francisco, e repara Minha casa", teria lhe dito a voz divina. Em junho, o papa Bento XVI visitou Assis por ocasião do oitavo centenário da conversão de São Francisco. Os testes nas relíquias franciscanas não chegam nem perto da polêmica despertada em 1988 pela datação do Sudário de Turim, venerado pelos cristãos como sendo o tecido que envolveu o corpo de Cristo e ainda traz suas marcas. Aquele teste, muito contestado por setores da Igreja, concluiu que o sudário havia sido confeccionado no ano 1260.

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