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Testemunha relata crime cometido por PMs em SP

Por MARCELO GODOY E WILLIAM CARDOSO
Atualização:

As principais provas contra os três policiais da Rota detidos ontem na zona leste de São Paulo acusados de espancar e matar um acusado de participar de reunião do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Penha são a ligação de uma testemunha para o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e as imagens de uma câmera que flagrou a ação no km 1 da Rodovia Ayrton Senna, nas proximidades do Parque Ecológico do Tietê, distante cerca de 3 km do estacionamento onde aconteceu o suposto confronto com acusados que resultou na morte de outras cinco pessoas. Imagens da viatura parada e o áudio da ligação têm aproximadamente 12 minutos cada e ocorreram simultaneamente.Segundo o corregedor da PM, coronel Rui Conegundes Sousa, a testemunha foi alertada pelo filho e ligou para o 190. "Ela (testemunha) ligou para o Copom e descreveu a ação dos policiais. Teriam sido praticadas algumas agressões e, posteriormente, ela teria ouvido disparos."A pessoa que fez a ligação não soube dizer a que unidade pertenciam os policiais, e só depois foi possível identificá-los como integrantes da Rota. "Diante dessas circunstâncias, com a notícia dada por essa testemunha e os indícios de como foi apresentada a pessoa morta no pronto-socorro, deliberamos pela prisão em flagrante dos policiais", disse Sousa."Não-conformidade"Segundo o comandante da Rota, tenente-coronel Salvador Modesto Madia, uma denúncia anônima feita diretamente ao quartel da Rota, como ocorreria "centenas de vezes ao dia", informou que integrantes do PCC estavam reunidos no estacionamento, planejando o resgate de um traficante preso no Centro de Detenção Provisória do Belém, também na zona leste, e que seria levado para Presidente Venceslau, no interior do Estado. "Isso tudo foi confirmado hoje por um dos indivíduos detidos, que fala o nome de quem eles iriam resgatar e de que maneira. Não é uma coisa que caiu do céu, que a gente achou", disse. Para ele, o assassinato foi uma "não-conformidade".No local, foram apreendidos um fuzil, uma submetralhadora, três pistolas, três revólveres, oito tabletes de cocaína e seis tijolos de maconha que, segundo a polícia, seriam dos suspeitos.O estacionamento, onde também ocorrem bailes funk, tem 38 câmeras, mas nenhuma teria filmado a ação. "O proprietário disse que o sistema está sendo montado e que elas não estavam gravando, só fazendo monitoramento", disse o corregedor da PM.Para o diretor do DHPP, Jorge Carrasco, a ação no estacionamento foi legítima e apenas a morte de um suspeito seria decorrente de um "crime doloso contra a vida" (homicídio intencional). Neste ano, foram investigadas 177 situações de resistência seguida de morte na Região Metropolitana. Cerca de 40% dos casos já foram concluídos e não foram encontrados indícios de irregularidade.Entre os mortos, foram identificados José Carlos Arlindo Júnior, de 35 anos, com antecedentes por furto, roubo e homicídio, Antonio Marcos Clarindo dos Santos, de 37 anos, com passagens por tráfico, homicídio, porte de droga e arma, e Claudio Henrique Mendes da Silva. Os demais não foram divulgados.Foram presos Ricardo dos Santos Souza, de 34 anos, com passagens por roubo e receptação, Luci Maria Pereira Ramos, de 48, com antecedentes por furto, estelionato, tráfico, porte de arma e formação de quadrilha, e Fabiana Rufino de Souza. Ontem, no DHPP, pelo menos 20 policiais da Rota acompanhavam o depoimento dos colegas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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