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Tire suas dúvidas sobre a situação em Kosovo

As dificuldades e conseqüências da independência do território.

Por BBC Brasil
Atualização:

Mediadores internacionais fracassaram na tentativa de conseguir um acordo entre a Sérvia e lideranças da Província de Kosovo sobre o futuro do território. Agora espera-se que Kosovo declare unilateralmente sua independência em 2008, mas os distritos do norte, onde a maioria da população é sérvia, podem não aceitar a autoridade do novo governo. A BBC compilou uma série de perguntas para ajudar você a entender as principais questões em jogo. Apesar de ser formalmente uma Província da Sérvia, Kosovo é administrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1999. A entidade assumiu o poder depois que uma ofensiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) forçou a saída de tropas sérvias, que eram acusadas de perseguir a população albanesa, majoritária em Kosovo. Na época, o governo sérvio alegou que suas forças estavam respondendo a um levante de separatistas albaneses armados. Os líderes albaneses de Kosovo dizem que não aceitam nada menos do que a independência total. Mas a Sérvia responde que quer oferecer apenas autonomia. Em abril, o enviado especial da ONU, Martti Ahtisaari, apresentou um plano que oferecia a Kosovo uma "independência supervisionada". Segundo o plano, agências internacionais levariam gradualmente Kosovo à independência completa e à entrada na ONU. Isso evitaria que Kosovo se anexasse à Albânia ou tivesse suas regiões de predominância sérvia separadas para se tornarem parte da Sérvia. A minoria sérvia teria representação garantida em governos regionais, no Parlamento, na polícia e no funcionalismo público de Kosovo. A Igreja Ortodoxa Sérvia também teria um status especial. A Sérvia e a Rússia são os principais opositores. O governo russo barrou a aprovação do plano no Conselho de Segurança da ONU e parece pronto a usar seu poder de veto contra qualquer decisão do Conselho que leve à sua implementação. Os líderes de Kosovo, no entanto, elogiaram o plano, e Estados Unidos e União Européia o vêem como parte da solução. Espera-se uma declaração em janeiro ou fevereiro, provavelmente depois de a Sérvia realizar eleições presidenciais. Os Estados Unidos e a maioria dos membros da União Européia são favoráveis à independência, mas temem que uma declaração prematura possa aumentar o apoio ao ultranacionalista Tomislav Nikolic, potencial candidato à Presidência da Sérvia nas eleições que devem ocorrer em janeiro. O plano de Ahtisaari prevê um período transitório de 120 dias após a declaração de independência, durante o qual se adotaria uma nova Constituição e medidas para garantir os direitos da minoria sérvia. A independência de Kosovo seria efetivada depois desse período transitório, em maio ou junho. Os sérvios são predominantes em Kosovo no norte do território, na região do Rio Ibar. Há o risco de os sérvios da região responderem a uma declaração de independência proclamando sua própria autonomia, erguendo barricadas nas estradas principais e criando verdadeiras fronteiras. Mas cerca de 60 mil sérvios vivem em enclaves ao sul do Rio Ibar, e outros cinco mil albaneses moram no norte. Ambos os lados prometeram evitar provocar instabilidade, durante conversas recentes com mediadores internacionais. Mas líderes políticos têm um controle limitado sobre as ações dos cidadãos armados. Na pior hipótese já imaginada, os 60% de kosovares sérvios que vivem ao sul do Rio Ibar seriam retirados violentamente de suas casas, enquanto os kosovares albaneses que vivem no norte seriam expulsos. Mas a violência pode ir além. Há grandes comunidades albanesas vivendo na Macedônia e em Montenegro, que poderiam, em teoria, pegar em armas e lutar por uma união com Kosovo. O primeiro-ministro da Sérvia também já sugeriu que o país poderia responder anexando a parte sérvia da Bósnia a seu território. A Otan, que tem 16 mil soldados de paz em Kosovo, prometeu uma resposta dura a qualquer manifestação de violência. Mas a aliança foi fortemente criticada em 2004, quando as tropas de paz não conseguiram reprimir ataques de kosovares albaneses a sérvios. A possibilidade de entrar para a União Européia também é uma espécie de incentivo para que a paz se mantenha na região. Possivelmente. Separatistas de regiões em outras partes do mundo, como na Geórgia, por exemplo, poderiam sentir que sua causa ganhou força. A Sérvia e a Rússia não devem reconhecer, assim como, provavelmente, a Bósnia e Montenegro. Alguns países da União Européia, como Eslováquia, Espanha, Grécia, Chipre e Romênia, também fazem restrições à idéia. Mas a maioria dos países do bloco e, crucialmente, os Estados Unidos, devem reconhecer um Kosovo independente. A Sérvia ameaçou adotar sanções contra os países que reconhecerem a independência. A União Européia deve gradualmente assumir muitas das funções da ONU, mas há a expectativa de que a organização mantenha alguma presença no território no futuro próximo. O bloco europeu pretende enviar uma missão de 1,8 mil policiais e juízes a Kosovo, provavelmente até junho. Eles também planejam ter um "escritório internacional civil" no território, cuja função seria supervisionar a implementação do plano de Ahtissari. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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