Tuire volta à cena. Sem o facão

Índia é conhecida por protestos contra Belo Monte

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Por Neemias Freire e SÃO PAULO
Atualização:

A índia caiapó Tuire, que ontem participou da audiência no Senado e apontou o dedo para o representante da Funai, é figura carimbada em todos os debates sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte há pelo menos 20 anos. Conhecida também como Tuira, em maio do ano passado ela liderou um ataque ao engenheiro da Eletrobrás, Paulo Fernando Rezende, que foi ferido com um facão por vários índios caiapós ao final de uma palestra no encontro Xingu Vivo para Sempre. O evento havia reunido 3 mil pessoas em Altamira (PA), para debater os impactos da usina na região. Rezende havia acabado de fazer uma palestra sobre os detalhes técnicos da usina. O engenheiro teve a camisa rasgada e foi ferido pelo facão de um dos guerreiros. Os organizadores do encontro tiveram muita dificuldade para livrar Rezende da fúria dos índios, que o acusaram de estar debochando e de desrespeitá-los. A vítima foi levada ao Hospital Regional da Transamazônica, enquanto outros técnicos da Eletrobrás registravam queixa na polícia.Na hora da confusão, havia 600 índios de várias etnias no salão onde se realizava o encontro. A Polícia Militar tinha menos de dez homens. Os índios começaram a cantar e a dançar, antes da agressão. Não foi a primeira vez que a índia Tuire se envolveu em conflito por causa da usina. Em 1989, ela esfregou um facão no rosto do então presidente da Eletronorte e hoje da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, protestando contra a construção de Belo Monte. A foto da índia ameaçando o executivo correu o mundo. Um dos pontos de discórdia na construção da usina está na área de reservatório. O projeto inicial previa uma área de 1.200 km² de extensão a ser alagada. Para reduzir os impactos, a Eletronorte refez os estudos e diminuiu a área para 400 km². Isso, segundo o novo projeto, eliminaria a necessidade de ter de deslocar reservas indígenas para o enchimento do lago.

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