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Turquia contraria ONU e anuncia sanções à Síria

Resolução que abria caminho para sanções ao país foi vetada por Rússia e China

Por DOMINIC EVANS
Atualização:

BEIRUTE - A Turquia disse nesta quarta-feira, 5, que irá impor sanções à Síria devido à repressão a manifestações pró-democracia no país, apesar de uma decisão em sentido contrário tomada pela ONU.

 

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Rússia e China deram na terça-feira uma vitória diplomática ao governo de Bashar al Assad

, ao vetar no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas uma iniciativa ocidental que abriria caminho para futuras sanções da ONU a Damasco.

Mas o governo turco disse que adotará retaliações unilaterais ao país vizinho. "Naturalmente o veto... não pode impedir sanções", disse o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan. "Vamos, por necessidade, implementar um pacote de sanções."

Erdogan, que está em viagem à África do Sul, disse que irá anunciar o pacote de sanções dentro de alguns dias, após visitar um campo de refugiados sírios na Turquia.

O veto de Rússia e China ao Conselho irritou potências ocidentais, que já haviam imposto suas próprias sanções à Síria, e reforça o poder de Assad, pelo menos em curto prazo.

A resolução, de autoria da França, mas com participação também de Grã-Bretanha, Alemanha e Portugal, recebeu nove votos favoráveis e quatro abstenções (de Brasil, Índia, Líbano e África do Sul). Os votos de Rússia e da China foram os únicos contra.

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"Este é um dia triste para o povo sírio. É um dia triste para o Conselho de Segurança", disse o chanceler francês, Alain Juppé, acrescentando que Paris continuará apoiando a "causa justa" dos sírios no que disse ser uma luta pela liberdade.

O embaixador chinês junto à ONU, Li Baodong, disse que Pequim se opôs à "interferência nos assuntos internos" da Síria. Já a Rússia vinha manifestando a preocupação de que a resolução acabasse levando a uma intervenção militar, a exemplo do que ocorreu neste ano na Líbia. Rússia e China buscam também limitar a influência ocidental no Oriente Médio.

Assad tem usado tanques e soldados para esmagar uma onda de protestos iniciada em março, como parte da chamada Primavera Árabe, movimento de rebeliões que já derrubou três governos do Norte da África neste ano.

A ONU diz que 2.700 civis já foram mortos. A Síria alega que grupos armados patrocinados por estrangeiros estão causando distúrbios e já mataram pelo menos 700 soldados e policiais.

A economia síria está se ressentindo dos efeitos dos protestos e das sanções dos EUA e da Europa contra o setor petrolífero do país.

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