TV Globo cancela debates em SP e Rio; Alckmin reage

PUBLICIDADE

Por CARMEN MUNARI E MAURÍCIO SAVARESE
Atualização:

Os debates entre candidatos à prefeitura de São Paulo e do Rio de Janeiro marcados para a próxima quinta-feira na Rede Globo foram cancelados pela emissora por falta de acordo com os políticos. A Globo desejava fazer programas com no máximo seis candidatos. Seria o último embate entre candidatos antes da eleição de domingo. A assessoria de imprensa da TV informou que os candidatos a prefeito de São Paulo Ciro Moura (PTC), Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN) não assinaram acordo para permitir que apenas os cinco mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto participassem do programa. "A experiência comprova que debates com mais de cinco não são proveitosos: o tempo destinado à discussão de cada assunto se torna exíguo demais, e o debate acaba simplesmente não acontecendo", disse a Rede Globo em um comunicado. A lei eleitoral obriga que sejam convidados todos os candidatos cujo partido tenha representação na Câmara dos Deputados, mesmo aqueles que, como Moura, Valente e Reichmann, tenham no máximo 1 por cento das preferências dos eleitores. Dos 11 candidatos de São Paulo, oito têm representação e participaram de debates nas redes Bandeirantes e Record realizados no primeiro turno. A Globo tentou um acordo com esses candidatos, oferecendo entrevistas em troca de desistirem de participar do debate, mas eles não aceitaram. "Este acordo tem sido tentado desde maio. Para que aqueles com menos densidade eleitoral abrissem mão do debate, a TV Globo ofereceu cobertura muito maior do que aquela a que fariam jus inicialmente se apenas critérios jornalísticos fossem levados em conta", criticou a emissora, que mencionou um debate no segundo turno em 24 de outubro. No Rio de Janeiro, dos dez candidatos, nove assinaram o acordo, que previa a participação no debate de cinco e depois dos seis mais bem posicionados nas pesquisas. Segundo a emissora, apenas o candidato Paulo Ramos (PDT) recusou-se a assinar. Ele tem 1 por cento das intenções de voto nas últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha. Também foram cancelados os debates em Curitiba e Fortaleza. ALCKMIN ACUSA Em São Paulo, o primeiro candidato a reagir foi Geraldo Alckmin (PSDB) que, em nota da campanha, lamentou o cancelamento e denunciou uma "articulação de bastidor" que teria inviabilizado o programa. Para o deputado Edson Aparecido, coordenador da campanha tucana, "houve ação da campanha do Gilberto Kassab (DEM) para inviabilizar o debate porque ficou claro no último debate (na Record) que ele não está preparado para governar São Paulo". "Por que ele foge? É na reta final que o voto é definido", disse o coordenador. Consultada, a campanha de Kassab disse que não iria responder às acusações e enviou nota com reação do prefeito, que lamentou a não realização do debate. "Eu compareci a todos e infelizmente não tem esse debate. É um a menos para o eleitor se decidir", afirmou. Carlos Zarattini, coordenador da campanha de Marta Suplicy (PT), líder das pesquisas, se limitou a dizer que a decisão foi tomada pela Globo, que não conseguiu acordo entre dois candidatos. Em tese, o debate interessaria apenas a Alckmin, que necessita conquistar o eleitor para garantir sua chegada ao segundo turno. Kassab tem quatro pontos de vantagem sobre o tucano e, mesmo em empate técnico, apresenta tendência ascendente. Ele teria mais vantagem ficando fora de possíveis embates. Marta, na liderança, também pode passar sem confrontos antes da eleição de domingo. A Globo foi procurada para responder sobre as declarações dos tucanos, mas não estava disponível.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.