Um ano de consciência e heróis na moda nacional

Jorge Grimberg analisa o comportamento de moda em 2015, quando marcas e clientes precisaram repensar o consumo

PUBLICIDADE

Por Jorge Grimberg
Atualização:
A estilista Patrícia Bonaldiao lado da atriz Camila Queiroz e de Luiz Cláudio, diretorcriativo da Apartamento 03. Ela é uma das heroínas da moda nacional em 2015 Foto: Fernanda Figueiredo

O consumo consciente é tendência de moda no mundo há pelo menos dez anos. De grandes varejistas a pequenos estilistas, a busca por tornar a moda sustentável e o consumo inteligente é assunto central na moda global. No Brasil, a consciência veio à tona - de verdade - com a crise de 2015. 

PUBLICIDADE

Até então, consciência aqui era parcelar em doze vezes, economizar no Brasil para comprar mais barato em Miami ou investir em um sapato (ecológico) de couro de salmão por um preço de mais de quatro dígitos. Neste ano de 2015 o brasileiro foi obrigado a parar. Parar de gastar, de viajar, de comprar. E começar a repensar o consumo. 

Essa nova consciência, talvez, seja a melhor consequência da crise no País. A onda fast fashion que toma o mundo desde o final dos anos 90 vem resultando em uma era de excessos, em que o questionamento sobre o consumo exagerado se faz muito necessário. No Brasil, o papel das marcas de moda rápida é diferente: por vivermos em um ambiente de diferença social brutal, as grandes redes varejistas sempre foram sinônimo de moda barata. 

Em 2015, a qualidade dos produtos desses grupos evoluiu. Marcas nacionais, como a Riachuelo, e internacionais, como a Forever 21, passaram a oferecer aos consumidores brasileiros melhores soluções com menores preços. Ainda assim, o consumo diminuiu por falta de recursos.

Neste contexto, nossa moda precisa de novos heróis e heroínas, a exemplo de Patricia Bonaldi, que montou um grupo de moda, investiu em novos estilistas e, sem medo de parecer regional, fez um império com os vestidos de festa bordados da marca que leva seu nome. Heroínas como Marcella Kanner, diretora de marketing da Riachuelo, que trouxe vestidos sob medida assinados para as classes C e D, ou heróis como o estilista André Lima, que empresta o seu talento extraordinário para criação de uma nova marca feminina moderna e atual, focada em fitness e praia, provando-se capaz de mudar e evoluir de acordo com a necessidade dos novos tempos. 

Uma consciência de consumo forçada e incômoda foi imposta aos brasileiros em 2015, mas esperamos que dela surjam mais heróis do cotidiano para fortalecer a nossa indústria e combater os vilões nos próximos anos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.