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Uma geração esquecida de moralistas

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Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

NA FILA: A redescoberta de André Gide pelo mercado editorial justifica certo otimismo sobre a possível publicação da obra de outros escritores de sua geração, hoje esquecidos e igualmente alinhados às inquietações morais e religiosas do autor de Os Moedeiros Falsos. Só para lembrar três nomes: François Mauriac (1885-1970), George Bernanos (1888-1948) e Julien Green (1900-1998) são escritores frequentemente deixados de lado pelos editores brasileiros. O cristianismo do trio foi como o de Gide, ou seja, avesso à moral média. O que estava em jogo na literatura de Mauriac, Bernanos e Green era o problema do mal, particularmente o sofrimento do inocente. Mauriac, marcado pela filosofia de Pascal, trata do conflito entre prazer e culpa em vários de seus livros. Bernanos explorou a grande questão filosófica de Jacques Maritain em romances como Diário de Um Pároco de Aldeia, sobre um jovem padre posto sob suspeita por sua comunidade. Green, que era homossexual como Gide, escreveu sobre o confronto entre sua fé católica e sua orientação sexual, assinando uma obra-prima, Adrienne Mesurat, exatamente sobre a repulsa ao sexo.

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