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Unasul nasce mas Colômbia não apóia Conselho de Defesa

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Por Redação
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Com a assinatura de 12 países, foi oficialmente constituída nesta sexta-feira a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), mas o Conselho de Defesa, proposto pelo Brasil, não obteve o apoio da Colômbia, que deseja a condenação das Farc como grupo terrorista. Uribe não aceita que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) sejam tratadas como um grupo beligerante, como faz a Venezuela, ou que não sejam consideradas terroristas por outros países do continente, entre eles o Brasil. Questionado se a classificação das Farc como terrorista seria a condição para a Colômbia aderir ao Conselho de Defesa Sul-Americano, respondeu que esse é um ponto para reflexão. "A União Sul-Americana deve ajudar também para que a maior consolidação democrática elimine qualquer risco de governos extremos", disse Uribe, após encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A idéia de um Conselho de Defesa partiu do Brasil, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez um périplo por vários países em defesa da idéia. Apesar da recusa da Colômbia, os demais países da Unasul criaram um grupo de trabalho para finalizar em 90 dias o desenho do conselho, anunciou a presidente do Chile, Michelle Bachelet, em entrevista coletiva após a reunião de cúpula entre os presidentes. "A decisão política de 11 países para criar o conselho está tomada", disse o ministro Jobim, procurando minimizar a falta de apoio da Colômbia. TABULEIRO DO PODER Apesar dos atritos regionais, que colocam em dúvida os esforços de integração, os países da América do Sul criaram um ambicioso organismo internacional para levar adiante sua união política e econômica. Um dos maiores entusiastas da Unasul, Lula disse que a América do Sul ganha um novo papel geopolítico com a criação do organismo. "Uma América do Sul unida mexerá com o tabuleiro de poder no mundo", disse Lula no discurso de abertura da reunião de cúpula. "Nossa América do Sul não será mais um mero conceito geográfico. A partir de hoje, é uma realidade política, econômica e social, com funcionalidade própria", acrescentou. Ao final do dia, em entrevista coletiva com os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e de Bachelet, Lula saudou a criação da Unasul como um sonho maior que o de Simon Bolívar, defensor da integração entre os países da região. "Está acontecendo uma coisa extraordinária. Nós criamos mais do que Bolívar quando bradou a criação da Grande Colômbia, criamos a grande nação sul-americana", comemorou. Lula admitiu que a Unasul não tem os recursos que a União Européia teve para reduzir as assimetrias entre os seus países, mas apostou na disposição do vizinhos sul-americanos. "Não temos o dinheiro, mas certamente nossa vontade política, a crença que nós temos na integração, vai permitir que façamos esse processo em menos tempo do que qualquer outro." ATRITOS DIPLOMÁTICOS O presidente brasileiro destacou a necessidade de a integração sul-americana superar divergências pontuais e ressaltou que os países da região criam muita dificuldade quando algo dá errado. Segundo ele, na União Européia, quando os Estados Unidos atacaram o Iraque, Inglaterra e Espanha foram a favor, e Alemanha e França contra, sem que houvesse ruptura da organização. O nascimento da Unasul acontece em meio a repetidos atritos diplomáticos entre a Colômbia e seus vizinhos Venezuela e Equador. O governo colombiano acusa os presidentes dos países vizinhos de darem apoio à guerrilha das Farc. "A América do Sul é hoje uma região de paz, onde floresce a democracia", afirmou Lula, destacando o fato de todos os governantes do continente terem sido democraticamente eleitos. "A instabilidade que alguns pretendem ver no nosso continente é um sinal de vida, em especial de vida política", completou. Em mais um episódio que se somou aos percalços já enfrentados pelo bloco nascente, a Colômbia recusou-se a assumir a presidência itinerante da Unasul, alegando que precisa se concentrar neste momento em seus problemas internos. O cargo será ocupado pelo Chile. Além disso, o ex-presidente equatoriano Rodrigo Borja desistiu de tomar posse como secretário-geral da entidade porque considerou o bloco, em sua feitura definitiva, pouco eficaz, já que careceria de poderes executivos e se pareceria mais com um fórum de discussões. (Reportagem de Isabel Versiani, Julio Villaverde e Raymond Collit, Texto de Mair Pena Neto)

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