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Unifesp fica em Guarulhos, decide reitor

Por Paulo Saldaña
Atualização:

Após duas tentativas de licitação fracassadas e cinco anos de atraso, o reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Walter Albertoni, pretende assinar no apagar das luzes de seu mandato o contrato para a construção do prédio principal do câmpus de Guarulhos. O novo edital teve aumento de 26% e a obra deve custar R$ 58 milhões. A contratação neste momento atrapalha, dizem professores, o debate sobre a possível mudança do local do câmpus.Três empresas entregaram na segunda-feira (26) o documento para habilitação, o primeiro passo para a construção do prédio. Caso a documentação atenda às especificações que a universidade exige, os envelopes com os valores serão abertos. Em agosto, um edital de R$ 46 milhões fracassou porque nenhuma empresa apresentou interesse oficialmente. Depois do esvaziamento, a reitoria as convidou para debater alterações - o que havia ocorrido na primeira vez em que o edital para a obra não foi para frente.Segundo o reitor, conduzir o processo para a construção do edifício é prioridade de seu mandato, que vai até fevereiro. "Caso o processo de licitação ocorra sem intercorrências, a contratação será realizada ainda nesta gestão", afirmou, em nota. Em audiência pública, neste mês, ele declarou que a Unifesp continua em Guarulhos, a despeito do debate entre os professores.O câmpus de Guarulhos, que abriga a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), foi inaugurado em 2007. Desde então, alunos, professores e funcionários aguardam infraestrutura adequada. Neste ano, alunos fizeram greve de cinco meses para exigir melhorias.IsolamentoA unidade fica no Bairro dos Pimentas, periferia de Guarulhos. Em agosto, um grupo de professores encaminhou à reitoria um dossiê exigindo a saída da escola do local. O documento diz que a unidade é isolada geográfica e culturalmente, além de não acrescentar nada ao bairro, como revelou o Estado.Além de dificultar o acesso, colaborando para os altos índices de abandono dos cursos, a localização prejudicaria as pretensões de excelência que constam no projeto pedagógico da escola.Após o dossiê, a congregação da escola aprovou a criação de uma comissão para debater a permanência. Foi aprovada uma consulta a alunos, professores e funcionários. O início da construção do prédio, porém, pode tornar o debate inócuo, pois consolidaria de vez a escola nos Pimentas.Para o professor Glaydson José da Silva, diretor da EFLCH e presidente da Comissão que discute a Unifesp nos Pimentas, a assinatura do contrato atrapalha. "O reitor nunca acolheu a discussão sobre a permanência, por isso deu continuidade ao trâmites", diz ele. Alguns professores defendem uma saída parcial dos Pimentas. "É determinante que se esclareça: o que está em questão é a permanência da EFLCH e não da Unifesp em Guarulhos."O professor de Filosofia Juvenal Savian ressalta que cabe à unidade definir sobre seu futuro. "A atitude (de assinatura do contrato) não reconhece o fato ético-político legitimamente criado pela Congregação da EFLCH." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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