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Unifesp Guarulhos não terá calouros

Greve de alunos, que durou 5 meses, ameaça processo seletivo de 2013

Por Paulo Saldaña e Ocimara Balmant
Atualização:

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vai cancelar o ingresso de novos alunos no início de 2013 no câmpus de Guarulhos. O motivo é a greve dos alunos daquela unidade, que durou cinco meses, e as dificuldades para garantir adequações físicas a todos os alunos no próximo semestre.

 

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Ainda existe a possibilidade de ingresso no segundo semestre do ano que vem, mas, conforme o reitor Walter Albertoni, a melhor opção seria adiar a entrada de novos estudantes para 2014. "Os alunos que entraram neste ano tiveram apenas duas semanas de aula, o mais lógico é pular um ano. Pode até fazer processo seletivo agora, mas para ingressar mais tarde", disse.

 

A Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), nome oficial do câmpus Guarulhos, é a maior unidade da universidade. Localizada no Bairro dos Pimentas, a EFLCH conta com 3 mil alunos. São seis graduações (Ciências Sociais, Filosofia, História, História da Arte, Letras e Pedagogia), que juntas oferecem 700 vagas anuais.

 

Todas as vagas da EFLCH são preenchidas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), voltado para quem fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Não há no câmpus cursos semestrais.

 

A decisão de cancelar a entrada de novos alunos ainda deve ser oficializada pelo Conselho Universitário. A reitoria tem até 31 de outubro para decidir por alterações no processo seletivo. Para o adiamento de ingresso por um ano há ainda a necessidade de autorização do Ministério da Educação (MEC).

 

Sem prédio. O retorno às aulas no câmpus está marcado para o dia 10. Os professores terão de repor todas as aulas perdidas durante a paralisação dos estudantes - que, no período entre 25 de maio e 17 de agosto, também contou com a participação dos professores, estes na campanha nacional de greve das federais.

 

A greve dos alunos de Guarulhos começou no dia 22 de março e só foi finalizada em 23 de agosto. A principal reivindicação dos alunos é por melhorias no câmpus, onde ainda não foi construído o prédio principal.

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Desde 2007, quando foi inaugurado o câmpus no Bairro dos Pimentas, a Unifesp tenta erguer ali seu prédio central, que deve abrigar salas de aulas, laboratórios e a parte administrativa da EFLCH. Mas problemas com o edital têm atrasado os planos da universidade e prolongado a precariedade da unidade.

 

Na semana passada, fracassou a licitação de R$ 46 milhões para a construção do prédio: nenhuma das 11 empresas habilitadas compareceu para a entrega e abertura dos envelopes. A licitação foi considerada "deserta".

 

A reitoria convocou para quinta-feira uma audiência pública com as empresas habilitadas que vai debater a licitação e os termos do edital. Ainda não há definição do que será feito.

 

Saída dos Pimentas. Professores da EFLCH haviam pedido o adiamento do edital até que o debate sobre uma possível saída de cursos do Bairro dos Pimentas seja concluído. Uma comissão especial foi criada para discutir o assunto depois que um dossiê, produzido por professores, pediu à reitoria a saída da Unifesp da região. O documento argumenta que a escola é isolada geográfica e culturalmente.

 

O documento dividiu alunos e professores. Até amanhã um colóquio discute o tema.

 

A Unifesp ainda procura um imóvel provisório em Guarulhos para abrigar os alunos enquanto o novo prédio não fique pronto. O imóvel não foi escolhido e, segundo a reitoria, imobiliárias estão levantando opções.

 

3 PERGUNTAS PARA...

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Glaydson José da Silva, vice-diretor da EFLCH e presidente da Comissão que discute a Unifesp nos Pimentas

 

1. Qual importância de debater a localização da Unifesp em Guarulhos?

 

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O que está em questão não é a saída de Guarulhos. O câmpus é da cidade. O debate é sobre a pertinência da EFLCH nos Pimentas. Deverão ser levados em conta os projetos acadêmicos dos cursos e o acesso ao câmpus. Por um lado, o que é melhor para a escola cumprir seu papel de formação e pesquisa de excelência na área de Humanas, que tem suas especificidades. Por outro, muitos dos alunos trabalham e têm baixo poder aquisitivo. Muitos pensam, em benefício da maioria, que é preciso levar em conta as dificuldades de distância e acesso.

 

2. O episódio que resultou na prisão de alunos influencia o debate?

 

A falta de instalações adequadas embasa as reivindicações, mas a ação violenta de um pequeno grupo radical foi possivelmente um agravante para os que querem sair do bairro, não porque a violência seja do bairro.

 

3. Qual a chance de cursos serem transferidos dos Pimentas?

 

A universidade deve ter autonomia para decidir sobre a adequação física, logística ou mudanças de seus cursos, visando ao melhor desempenho acadêmico e em servir à sociedade. A construção do prédio principal é aguardada há muito tempo e não foi concretizada. Isso dá sentido para esse debate, mas a construção não supera a necessidade da discussão sobre a melhor estruturação e localização da EFLCH.

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