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Uruguaios vão às urnas com candidato da esquerda como favorito

Por MALENA CASTALDI E GASTÓN PÉRGOLA
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Os uruguaios escolhem neste domingo o próximo presidente em uma eleição que deve levar outra vez ao poder o ex-presidente Tabaré Vázquez, garantindo o terceiro mandato consecutivo da esquerda. As pesquisas mostravam que Vázquez, um experiente político da Frente Ampla, com 74 anos, venceria ao jovem rival conservador do Partido Nacional, o parlamentar Luis Lacalle Pou, com uma diferença de 14 pontos percentuais. Apesar de ser um político de esquerda moderado, se Vázquez vencer, daria continuidade a várias iniciativas progressistas, como uma lei nova e polêmica que regula a produção e comércio de maconha sob a supervisão Estado. Se ganhar, Vázquez vai suceder José Mujica, um ex-guerrilheiro de 79 anos. Lacalle Pou, um apaixonado pelo surfe de 41 anos, prometeu que se chegar ao poder iria anular partes da iniciativa, que busca uma nova abordagem para combater o narcotráfico, mas é reprovada pela maioria dos uruguaios. Uma das coisas às quais o candidato conservador se opõe é à venda de maconha nas farmácias. Entretanto, na prática seria difícil voltar atrás, porque o partido governista obteve uma maioria legislativa no Congresso. O advogado ficou 17 pontos percentuais atrás de Vázquez no primeiro turno da eleição no fim de outubro e, neste domingo, não se espera que a situação mude. "Sempre fui empregada doméstica e hoje tenho um salário melhor, mais benefícios, mais direitos. Por isso, quero de novo Tabaré presidente", disse Miriam Hernández, de 47 anos, em meio a uma forte chuva que prejudicou o acesso de eleitores às seções eleitorais. Durante o mandato entre 2005 e 2010, o oncologista Vázquez conseguiu estabilizar a economia e reduzir a pobreza, combinando políticas pró-mercados e de cunho social. Como a reeleição imediata não é permitida no Uruguai, o cargo foi passado ao aliado Mujica, com 70 por cento de popularidade. O carismático Mujica, por sua vez, de estilo pouco protocolar e de fala direta, manteve o rumo econômico de Vázquez e ampliou os programas sociais. Como resultado, o Uruguai, um pequeno país essencialmente pecuarista, cresceu a um ritmo médio de quase 6 por cento ao ano e reduziu a pobreza a seu mínimo histórico de pouco mais de 11 por cento desde 2005. "Espero o melhor Uruguai para todos os uruguaios nos próximos cinco anos, seja qual for o resultado", disse Vázquez à Reuters depois de votar em La Teja, um bairro modesto de trabalhadores onde cresceu, em Montevidéu. (Reportagem adicional de Esteban Fara)

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