
28 de fevereiro de 2012 | 03h03
Depois que os dois demoraram a voltar, três tentaram entrar, mas a temperatura era alta demais. Quando o segundo tentou ir se arrastando, o comando determinou que não continuasse. Então o terceiro homem se agachou, o pegou pelo pé e o trouxe de volta. Verificou-se que não havia segurança.
Tentamos destruir anteparos da estação, mas a estrutura foi resistente, mesmo usando o maior dos nossos tratores. A gente combateu com força e suor, mas não foi possível. Na tentativa desesperada de captar água do lago para acabar com o incêndio, tivemos hipotermia. Foram os civis que ajudaram a sanar a hipotermia de um militar e as queimaduras do nosso amigo, o primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros (que ficou ferido no incêndio). Apesar da ideia fixa de que já tínhamos perdido homens e nosso trabalho não tinha sido 100%, não paramos em momento algum. Havia três comandantes, dez praças e um alpinista, que é PM no Estado de São Paulo, atuando no resgate das vítimas. Eles honraram com a própria vida, com esforço e dedicação, para que fosse feito o melhor. O resultado não mostra isso. Somente nós, que presenciamos, temos certeza. São homens que entrarão para a história, pelo menos na vida de quem estava lá.
O (sargento) Santos era fascinado por fotografia. Almoçávamos e jogávamos bola juntos. O (suboficial) Figueiredo era mais fechado, mas participava do grupo. Eles foram a minha família nos últimos meses."
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