Varejo reforça sinais de desaquecimento no 2o tri

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Por VOLUME DE VENDAS RECUA 0 e 2% EM ABRIL SOBRE MÊS ANTERIOR
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As medidas do governo contra a inflação e para esfriar o crédito pesaram sobre as vendas do comércio brasileiro, que tiveram em abril a primeira queda em um ano, se somando a outros sinais de desaceleração da economia no segundo trimestre. Em volume, as vendas caíram 0,2 por cento ante março, a primeira retração desde abril do ano passado e a mais acentuada desde março de 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira. "As interpretações para essa queda podem ser reflexo das medidas macroprudenciais... e o governo vem adotando também taxas de juros mais altas para conter o fantasma da inflação", citou o economista do IBGE Reinaldo Pereira. "É a primeira queda em muito tempo e precisamos de mais informações para saber se é uma inflexão ou não." A queda foi quase generalizada, com exceção dos segmentos de Móveis e eletrodomésticos e Artigos médicos e de perfumaria. "Mesmo coma as medidas macroprudenciais, ainda se tem uma facilidade grande para comprar um carro ou um eletrodoméstico", acrescentou Pereira. Nesta semana, o Banco Central promoveu o quarto aumento consecutivo do juro básico, que chegou a 12,25 por cento ao ano. No primeiro trimestre, a economia brasileira ainda mostrava resistência, mas vários indicadores a partir de abril já desaceleraram, como a produção industrial, dados de confiança do consumidor e agora as vendas no varejo. "Após um início de ano forte, os sinais recentes parecem consistentes com a noção de uma moderação do crescimento, à medida que o aperto da política funciona para esfriar as coisas nos trimestres seguintes", avaliou o chefe de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, em relatório. EFEITO CALENDÁRIO Em relação a igual mês do ano passado, as vendas no varejo subiram 10,0 por cento, melhor desempenho desde abril de 2004. "Esse resultado tem como explicação o fato de a Páscoa ter caído, no ano passado, (mais) no comecinho de 2010. Com isso, as compras foram feitas em sua maioria em março", explicou o economista do IBGE. Analistas ouvidos pela Reuters previam alta mês a mês de 0,3 por cento --com faixa de previsões de queda de 0,5 por cento a alta de 1,2 por cento-- e avanço anual de 10,8 por cento. O chamado varejo ampliado, que inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, registrou aumento de 1,1 por cento no volume de vendas frente a abril e de 11,8 por cento sobre o ano passado. O IBGE revisou o dado de vendas em março sobre fevereiro, de alta preliminar de 1,2 para 1,0 por cento. Em abril, a receita nominal do comércio cresceu 0,4 por cento frente a março e 15,4 por cento ante abril de 2010. No primeiro quadrimestre do ano, as vendas do comércio acumularam alta de 7,6 por cento e a receita, de 12,6 por cento. Outro relatório mostrou nesta sexta-feira que o emprego na indústria brasileira teve variação negativa de 0,1 por cento frente a março e alta de 1,7 por cento sobre o ano passado. Foi a "décima quinta taxa positiva nesse tipo de comparação (anual), mas a menos intensa desde fevereiro de 2010", segundo o IBGE. (Edição de Vanessa Stelzer)

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