Vaticano critica ordenação de bispas anglicanas

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Por PHIL STEWART
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O Vaticano criticou duramente na terça-feira a Igreja da Inglaterra por sua intenção de ordenar bispas, pois isso seria um rompimento histórico da doutrina que afastaria ainda mais os católicos dos anglicanos, na opinião da Santa Sé. A Igreja da Inglaterra ("mãe" de todas as Igrejas Anglicanas do mundo) confirmou na segunda-feira que vai consagrar bispas, embora com restrições para aplacar a ira de tradicionalistas entre seus próprios fiéis. Assim como na Igreja Católica, os bispos anglicanos têm autoridade para ordenar padres. A decisão amplia as divergências entre as igrejas Católica e Anglicana, que nos últimos anos tentam promover uma reaproximação. "Para o futuro, esta decisão terá consequências para o diálogo, que até agora havia gerado tantos frutos", disse nota do departamento do Vaticano encarregado da unidade cristã. "Tal decisão é um rompimento com a tradição apostólica mantida em todas as Igrejas no primeiro milênio, e é portanto mais um obstáculo à reconciliação entre a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra." A Igreja Católica veta as mulheres no clero sobre a argumentação de que Jesus só escolheu homens como apóstolos. Em maio, o Vaticano decretou que a tentativa de ordenar mulheres deve ser punida com a excomunhão sumária. Já a Igreja da Inglaterra aprovou a entrada de mulheres no clero desde 1992, e hoje um sexto das paróquias estão aos cuidados femininos. Liberais dizem que seria insultante não permitir que elas ascendam a posições de poder, como já ocorre entre os anglicanos de Canadá, EUA e Nova Zelândia. A decisão tomada pela hierarquia anglicana ainda precisa ser confirmada num longo e complexo processo, que pode ser concluído só em 2012. Caso entre em vigor, permitiria até mesmo que um dia uma mulher se torne arcebispa de Canterbury, líder espiritual de todos os anglicanos do mundo. A Igreja Anglicana surgiu quando o rei Henrique 8o rompeu com o Vaticano, no século 16. Hoje, a comunidade mundial soma 77 milhões de fiéis. Os católicos são 1,1 bilhão.

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