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Vaticano deve enviar texto de tom conciliador para judeus

Carta, aprovada por Bento XVI, visa acalmar judeus indignados com a aprovação de oração da Sexta-Feira Santa

Por Philip Pullella e da Reuters
Atualização:

O papa Bento XVI aprovou o conteúdo de uma declaração em tom conciliador para acalmar os judeus indignados com a aprovação de uma oração da Sexta-Feira Santa, vista como um chamado à conversão deles, afirmaram nesta segunda-feira, 17, membros das comunidades judaica e católica. A declaração, a ser provavelmente divulgada em forma de carta enviada pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, ao rabino-chefe de Israel, deve ser divulgada em breve, mas talvez não antes da Sexta-Feira Santa próxima, 21. Bertone está abaixo apenas do papa na hierarquia da Santa Sé, o que significa que o comunicado parte dos mais altos escalões da Igreja Católica, conforme havia sido exigido pelos judeus, afirmaram as fontes. No mês passado, o Vaticano reviu um polêmico missal (livro de orações) em latim, usado pela minoria tradicionalista da Igreja na Sexta-Feira Santa, e retirou dele uma referência à "cegueira" judaica a respeito de Cristo e a frase na qual se pedia que Deus "retirasse o véu de seus corações". Na Sexta-Feira Santa, os católicos lembram a crucificação de Jesus. Os judeus criticaram a nova versão porque esta ainda diz que eles deveriam reconhecer em Cristo o salvador de todos os homens. A oração pede que "Israel inteiro seja salvo" e preserva uma defesa sutil da conversão, trecho que os judeus também queriam que fosse retirado. O cardeal Bertone deve dizer na carta que a nova oração não é um apelo à conversão ou um ato de proselitismo e que não haveria retrocessos no diálogo entre as duas religiões.  Além disto, a carta deve ressaltar a idéia de que a salvação, incluindo a de Israel, está nas mãos de Deus e que a oração não é uma defesa da atividade de missionários. As reclamações dos grupos judaicos surgiram no ano passado, quando o papa autorizou um uso mais amplo da missa em latim e de um missal que haviam sido deixados de lado nas reformas do Concílio Vaticano Segundo, realizado entre 1962 e 1965.

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